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Governador do Missouri convoca mais tropas depois de tumultos em Ferguson

O governador do Estado norte-americano do Missouri convocou, esta terça-feira (25), reforços da Guarda Nacional para a cidade de Ferguson, no subúrbio de St. Louis, para evitar mais saques e tumultos, depois de episódios de violência desencadeados nesta madrugada pela absolvição de um policial branco no tiroteio fatal de um adolescente negro desarmado.

Os advogados da família de Michael Brown, de 18 anos, morto a tiros pelo policial Darren Wilson em Agosto, criticaram o julgamento popular que levou à decisão de não acusar criminalmente o policial na segunda-feira. Cerca de uma dezena de edifícios de Ferguson foram incendiados de segunda para terça-feira e 61 pessoas foram presas por crimes como arrombamento, posse ilegal de armas e reunião sem autorização, afirmou a polícia nesta terça-feira.

Segundo a polícia, os manifestantes dispararam contra os agentes, atearam fogo em viaturas e arremessaram tijolos contra as tropas. Policiais usaram bombas de gás lacrimogéneo e lojas foram saqueadas durante os tumultos.

O assassinato em Ferguson, uma cidade predominantemente negra com uma estrutura de poder dominada por brancos, enfatiza a natureza às vezes tensa das relações raciais nos EUA. A decisão do tribunal do condado de St. Louis também levou a protestos em outras grandes cidades do país.

As pessoas que foram às ruas de Ferguson pareceram ignorar os pedidos do presidente do país, Barack Obama, e de outras autoridades para polícia e os manifestantes exercerem contenção.

O veredicto deslocou o centro das atenções para a investigação em curso do Departamento de Justiça para saber se Wilson violou os direitos civis de Brown por intencionalmente usar força excessiva e se a polícia de Ferguson violou sistematicamente os direitos das pessoas com uso de força excessiva ou discriminação.

Benjamin Crump e Anthony Gray, advogados da família Brown, declararam em uma entrevista coletiva que o julgamento foi injusto porque o promotor do caso tinha um conflito de interesses e que Wilson não foi interrogado devidamente.

“Este processo está arruinado. O processo deveria ser investigado”, disse Crump, acrescentando que a família quer que a polícia seja equipada de câmeras corporais para que não haja dúvidas sobre as suas acções.

O governador do Missouri, Jay Nixon, disse que irá reunir-se com agentes de segurança e reforçar a presença da Guarda Nacional para garantir que as pessoas e as propriedades sejam protegidas nos próximos dias.

“A violência que vimos na noite passada não pode se repetir”, declarou Nixon num comunicado. O seu gabinete informou que “a Guarda está fornecendo segurança ao Departamento da Polícia de Ferguson, que irá permitir a actuação de agentes da lei adicionais para proteger o público”.

O outro lado

Na cidade de St. Louis, onde janelas foram quebradas e o tráfego foi interrompido brevemente numa grande rodovia durante a noite, o chefe da polícia, Sam Dotson, prometeu uma resposta mais forte na noiteda terça-feira. Escolas em Ferguson e cidades vizinhas foram fechadas nesta terça-feira e escritórios da cidade em Ferguson também foram fechadas.

Wilson poderia ter recebido acusações que vão do homicídio culposo (sem intenção) ao homicídio doloso (intencional) de primeiro grau. Por meio de seus advogados, a família de Brown declarou estar “profundamente decepcionada” com o veredicto dos jurados.

O policial agradeceu os seus apoiantes numa carta atribuída a ele publicada nesta terça-feira numa página do Facebook dedicada àqueles que se posicionaram a seu favor.

Ele disse aos jurados que Brown tentou pegar a sua arma e que sentiu que a sua vida estava em perigo quando disparou, segundo os documentos divulgados pelos promotores. “Eu disse ‘afaste-se ou vou disparar'”, declarou Wilson. “Imediatamente ele pegou na minha arma e disse ‘você é muito covarde para disparar contra mim'”.

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