Novos destroços do Airbus da Air France foram encontrados nesta quarta-feira no Oceano Atlântico pela Força Aérea brasileira, enquanto França e Brasil prestavam homenagens aos desaparecidos após um drama que suscitou enorme comoção.
Os especialistas alertaram que a investigação sobre a catástrofe, que deixou 228 mortos, ainda é muito incerta. As buscas se intensificaram nesta quarta-feira com a mobilização de onze aviões brasileiros, franceses e americanos, além de vários navios, para que fossem localizados e recuperados os destroços da aeronave que desapareceu repentinamente na noite de domingo para segunda-feira, a cerca de 1.000 quilômetros da costa brasileira, entre o Rio e Paris.
Para as autoridades brasileiras e francesas, não há mais dúvida de que os materiais pertencem ao voo AF 447. Nos dois países, o momento é também de reflexão.
A França prestou uma homenagem solene às vítimas nesta quarta-feira, com uma cerimônia ecumênica na catedral Notre-Dame de Paris, que foi acompanhada pelo presidente Nicolas Sarkozy, ao lado de sua esposa Carla Bruni-Sarkozy, do primeiro-ministro François Fillon e de integrantes da oposição.
O Brasil decretou três dias de luto nacional, e o ministro francês das Relações Exteriores Bernard Kouchner é aguardado no Rio, provavelmente na quinta-feira, para participar de uma cerimônia organizada pelo Brasil em homenagem às vítimas.
As 228 pessoas que estavam a bordo do avião eram de 32 nacionalidades. Entre elas, havia 72 franceses, 59 brasileiros e 26 alemães. Esta foi a pior catástrofe da aviação civil desde o acidente com um Airbus da American Airlines em Nova York em 2001 (265 mortos). “Mesmo que a confirmação formal ainda deva ser feita por meio da recuperação de uma parte e da realização de uma análise técnica, não há mais dúvidas” sobre o fato de que os elementos encontrados são provenientes do voo AF 447, considerou o capitão da Marinha Christophe Prazuck, do Estado-Maior das Forças Armadas, em Paris.
Na terça-feira à noite, o ministro brasileiro da Defesa, Nelson Jobim, já havia feito esta constatação. Um avião-radar Embraer R-99 identificou às 03h40 de Brasília quatro novas zonas onde havia destroços do avião, 90 quilômetros ao sul da região inicialmente delimitada, indicou o coronel Jorge Amaral, porta-voz da FAB. “Vários objetos espalhados em um raio de 5 quilômetros, sendo um objeto aparentemente metálico de 7 metros de diâmetro, assim como uma mancha de querosene de 20 quilômetros”, foram detectados, indicou o porta-voz.
Onze aviões, entre eles um Falcon 50 francês e um P-3 Orion americano, foram mobilizados para as buscas e terão suas bases em Natal e na Ilha de Fernando de Noronha. Cinco navios da Marinha brasileira também se dirigiram aos locais onde estão os restos do avião. A chegada do primeiro estava prevista para esta quarta-feira, enquanto três outros navios mercantes, um francês e dois holandeses, já estavam na região para ajudar na recuperação de materiais.
Especialistas franceses da Agência de Investigações e Análises (BEA), encarregado da investigação manifestou o seu ceticismo sobre as chances de localização das “caixas pretas”. “Estima-se que estejam provavelmente em uma zona de 3.600-3.700 metros, é preciso saber que jamais foram recuperadas caixas pretas a esta profundidade”, declarou o ministro francês dos Transportes, Jean-Louis Borloo.