Apesar do rosto impassível diante das câmaras, o actor, produtor, director e roteirista norte-americano Sylvester Stallone é um homem muito articulado que adora falar e que classifica os seus personagens como “pessoas normais que se vêem em situações em que precisam de fazer algo heróico”.
Stallone chegou ao hotel Los Monteros, em Marbella, no sul de Espanha, onde aconteceu a entrevista à Agência EFE, impondo respeito pelos corredores, com o seu porte algo inclinado e o passo lento. E durante a sua passagem houve silêncio.
Parece que é uma pessoa séria e imutável, mas não é assim. Não deixa ninguém falar, monopoliza a atenção de todos. Sylvester Stallone, Wesley Snipes e António Banderas participaram na estreia do filme “Os Mercenários 3”, na terça-feira passada, 05 de Agosto corrente, em Marbella.
Nesta mais recente obra tomam parte também artistas tais como Jason Statham e Kellan Lutz, uma amostra do impressionante elenco de estrelas da cinematografia. Stallone é provavelmente o único actor no mundo que criou e protagonizou três sagas de sucesso: “Rambo”, “Rocky” e “Os Mercenários”. Ele próprio descreveu assim os seus personagens: “Rambo não queria ser um herói, era um homem jovem que foi enviado para a guerra e algo mudou na sua cabeça; Rocky era um lutador frágil que tinha perdido 25 de 40 combates, era um boxeador muito mau; Barney é um mistério, não tem esposa, nem família, não é um super-homem”.
Apesar da fama de homens duros de todos os mercenários, Stallone reconhece que “não são imortais”, e acredita que está aí o sucesso dos filmes: transferir para o espectador histórias de gente comum com as quais ele se pode identificar, ou a quem cerca. Claro, sem disparos nem explosões.
Stallone confessou não ter nem ideia do que faria caso se aposentasse, mas revelou que gosta de pintar, das suas crianças, “mas elas crescem”, e dos seus cavalos, “mas eles engordam”. “Além disso, divirto-me trabalhando; dói, mas gosto”, explicou o actor, que para reforçar a sua recusa em aposentar-se deu como exemplo o lutador que eternizou, que, no final de um dos seus filmes, diante da pergunta sobre porque continuava, respondeu: “‘Luto, porque um lutador luta, disse Rocky, e eu actuo, porque um actor actua”.
Stallone estabeleceu uma estreita relação com o Jason Statham, o seu braço direito nas três longas rodagens de “Os Mercenários”, e além disso agora produz-lhe o seu último filme, “O Protector”.
Parece ser um casamento bem-sucedido, embora Stallone brinque dizendo que o seu colega “não é confiável” e que está “cheio” dele.
Stallone só tem elogios para o protagonista de “Carga Explosiva” e garante que é uma pessoa muito “complexa”, mas, após vários anos de trabalho juntos, entende-o como actor. “Os problemas começam quando se trabalha com alguém que não te entende. É o mesmo com qualquer actor. Tem que se entendê-lo. Acho que seria muito útil que alguns diretores dessem aulas de interpretação ou que tentassem fazer uma sequência e assim entenderiam o que é ser actor”, explicou.
Em relação ao anfitrião desta estreia na Espanha, António Banderas, Stallone brincou dizendo que o “odeia” e que não “deveria ter contado com ele para “Os Mercenários 3’”.
Após uma rápida passagem pela Espanha, Stallone dirigiu-se à Alemanha, onde apresentou o filme em alusão junto do resto dos “mercenários”. Todos eles viajam em aviões privados e oferecem entrevistas milimetricamente organizadas, nas quais perguntas de actualidade não são permitidas. E isso porque os seus personagens de acção defendem sempre os mais frágeis.