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Mudanças climáticas são realidade há 45 anos

As mudanças climáticas são uma realidade em Moçambique há 45 anos, segundo revela o primeiro estudo elaborado sobre esta matéria, no país, e lançado na cidade de Maputo.

Com efeito, segundo o estudo, intitulado “Adaptação às Mudanças Climáticas em Moçambique – Fase Um”, a temperatura no país aumentou numa média que varia entre 1,1 e 1,6 graus centígrados, de 1960 a 2005. Este estudo, que dá enfoque para questões de temperatura, subida do nível das águas do mar, ciclones, erosão, entre outros, foi realizado por uma equipa de 17 técnicos de diferentes instituições nacionais e estrangeiras, sob a liderança do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).

“O número de noites e dias frios reduziu e o número de noites quentes e dias quentes aumentou, com as maiores mudanças a ocorrerem na zona Norte do país”, refere o estudo, cuja realização contou com o financiamento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da Dinamarca, e da Cooperação Técnica Alemã (GTZ).

Outra das conclusões do estudo é o facto de haver indicação de um início tardio da estação chuvosa, chegando a registar um atraso de 45 dias em alguns pontos do Norte de Moçambique. Por outro lado, verifica-se um aumento da persistência de dias secos consecutivos durante a estação seca, situação mais predominante no Nordeste do país.

Durante 13 anos (de 1994 a 2007), a costa de Moçambique foi, por outro lado, fustigada por 11 ciclones intensos, com destaque para os ciclones Nadia, Bonita, Eline, Hudah, Japhet e Fávio. Contrariamente, em período similar decorrido de 1980 a 1993, ocorreram quatro fenómenos do género. Quanto ao aumento dos níveis do mar, o estudo indica que, apesar de haver dados de baixa qualidade sobre esta matéria, a informação existente corrobora com as tendências globais.

Com efeito, desenha-se, quanto a esta questão, dois prováveis cenários. Um dos cenários é relativo ao aumento gradual dos níveis das águas, de 10 a 20 centímetros até 2060, devido ao aumento da temperatura. Um outro cenário refere-se a expansão térmica e ao degelo nas zonas polares que irá provocar um aumento dos níveis das águas numa escala aproximada de cinco metros.

A cidade da Beira, no Centro de Moçambique, é uma das que poderá sofrer dos efeitos destas mudanças. O estudo refere que esta urbe poderá se tornar numa ilha, o que implicara grandes investimentos para salvaguardar infra-estruturas como linhas-férreas. “Tem de se estabelecer uma estratégia de evacuação organizada”, disse o apresentador do estudo, Rui Brito, da Universidade Eduardo Mondlane, uma das instituições moçambicanas que integraram a equipa de pesquisa. “Como podemos ver, nós já estamos a experimentar este fenómeno de mudanças climáticas”, acrescentou ele.

Em 2030, o litoral de Maputo, já no extremo Sul, estará também ameaçado. Os pesquisadores consideram que Moçambique precisa de investir agora na protecção da sua zona costeira. Momentos antes do lançamento do estudo, o Representante residente do Sistema das Nações Unidas em Moçambique, Ndolamb Ngokwey, falou da necessidade de se agir de forma rápida e coordenada de modo a se fazer face aos riscos resultantes das mudanças climáticas.

Ngokwey lembrou que os efeitos destes fenómenos são muito negativos, particularmente para as comunidades vulneráveis e constituem uma ameaça ao desenvolvimento humano. Assim, ele defendeu que se deve abordar o combate a pobreza e as mudanças climáticas de forma correlacionada. “As mudanças climáticas irão exacerbar os problemas políticos e humanitários já existentes, bem como vão reduzir o acesso à água, com impacto directo na agricultura”, disse ele. Ele manifestou a abertura da família das Nações Unidas em apoiar as estratégias sobre mudanças climáticas a serem adoptadas tanto por Moçambique como por outros países do planeta.

Por seu turno, o Director-geral do INGC, João Ribeiro, disse que, depois deste estudo, será realizado um outro que vai traçar as acções concretas a serem realizadas por cada sector de actividade, no país. O seminário de hoje destinava-se a debater, publicamente, este que é o primeiro estudo sobre esta matéria, cujas contribuições serão depois analisadas pelo Conselho Técnico de Gestão de Calamidades.

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