O artista plástico moçambicano Makolwa relaciona-se com a pintura há mais de 20 anos, no entanto, só nesta sexta-feira, 18 de Julho, é que realiza a sua primeira mostra individual, que se chama A Vida, reunindo nove quadros e 16 esculturas. A exposição tem lugar no Núcleo de Arte, em Maputo, e estará patente até o dia 28.
Com a mostra A Vida, o criador pretende celebrar os seus 20 anos de carreira, apresentando uma série de obras que marcam as duas décadas em que se dedica às artes plásticas. As suas mensagens transmitem alguma ternura, entre outros sentimentos, em relação à criança e à mulher. No que diz respeito ao primeiro grupo social, o maior enfoque é dado “às crianças de e na rua”, apelando-se à sua integração social incluindo um olhar atento por parte das pessoas responsáveis para a redução da vulnerabilidade dos petizes a vários níveis.
Na exposição, as mulheres são vistas sob o prisma de que – para contrariar a mendicidade, a fome, os maus tratos que ocorrem no dia-a-dia no seio da família fazendo evoluir a violência doméstica – são a entidade que gera o “ganha-pão” para os seus lares. Porém, muitas vezes, não são bem-sucedidas.
Neste sentido, além de apelar à melhoria das suas condições sociais, através das suas obras, Makolwa debate sobre os cuidados que se devem ter com as crianças e as mulheres, focalizando a sua abordagem na necessidade de se não desamparar aquele colectivo social.
O artista está preocupado com desrespeito e a desconsideração da mulher, sobretudo a que se encontra em estado de gravidez e a idosa. Por exemplo, numa viagem através dos transportes semicolectivos, ninguém cede o assento a estas pessoas. Elas são sujeitas a disputar o espaço com qualquer cidadão, independentemente da sua idade e sexo.
Nesse sentido, a exposição A Vida resulta de uma pesquisa de cinco anos centrados na experiência do criador, com enfoque para a rotina do percurso diário entre as cidades de Maputo e Matola. De qualquer modo, como atesta o artista, “este não é um exemplo fechado, uma vez que a situação se vive em todo o país”.
Além do mais, na mesma exibição de artes plástica, Makolwa mostra a sua relação íntima com meio ambiente, gerando obras a partir de reciclagem de objectos, na escultura, sobretudo o material plástico. Sob o ponto de vista de cor, o artista emprega abundantemente o vermelho – que simboliza energia positiva – e o castanho que nos remete a uma reflexão sobre o ciclo.