Diego Maradona criticou duramente a punição da Fifa ao uruguaio Luis Suárez, a qual classificou como “criminosa”, e disse que a entidade poderia muito bem algemar o atacante e trancá-lo na prisão de Guantánamo. “Quem Suárez matou?”, indagou Maradona no programa de futebol em que comenta, transmitido no canal de TV venezulano Telesur e na TV pública argentina na noite da quinta-feira.
“Isto é futebol, é jogo de contacto”, disse o lendário ex-jogador argentino. “Deviam algemá-lo e levá-lo para Guantánamo de uma vez por todas”, ironizou. A polémica prisão dos Estados Unidos em Cuba é muito criticada por grupos de direitos humanos pelas detenções por tempo indefinido de muitos presos sem acusação nem julgamento.
Maradona, o temperamental campeão do Campeonato Mundial de Futebol de 1986 conhecido pelas suas declarações extravagantes, ecoa a revolta no Uruguai, onde muitos estão furiosos com uma punição que veem como exagerada, hipócrita ou descaradamente parcial.
Mas no exterior muitos ficaram horrorizados com a mordida que o brilhante, porém volátil, Suárez aplicou no ombro do defesa italiano Giorgio Chiellini na terça-feira. Suárez recebeu a mais longa sanção imposta num Mundial pela Fifa na quinta-feira: suspensão de todas as actividades relacionadas ao futebol durante quatro meses e de nove partidas internacionais pela selecção, além de uma multa equivalente a 111 mil dólares.
Mas Maradona, que como Suárez saiu da pobreza e alcançou fama global, defendeu fervorosamente “Luisito” no programa, chegando a mostrar uma camisa com os dizeres “Estamos contigo Luisito” no final da emissão.
“Se ele cometeu um erro, tudo bem, deveriam puni-lo, mas não exagerar, não deveriam ser moralistas”, afirmou o argentino, que é próximo do ex-presidente cubano Fidel Castro.
Já o mandatário esquerdista uruguaio José Mujica telefonou ao programa, criticando o que viu como manobra para enxotar o Uruguai do torneio, no qual muitos pesos-pesados europeus fracassaram.
“Eliminamos a Itália, eliminamos a Inglaterra, quanto dinheiro se perdeu nisso?”, indagou Mujica. “Somos o Uruguai, somos muito pequenos. Saiu barato para eles”.
O status quo europeu não conseguiu entender o estilo duro e ‘de rua’ de Suárez, opinaram Mujica e Maradona. “Os jogadores incríveis muitas vezes nascem no coração da pobreza”, disse Mujica. “Eles não o entendem porque não querem, e porque nasceram noutra sociedade com outros recursos”.