“Em África, senão em Moçambique, os mortos têm muito poder, muita presença. São eles que iluminam os vivos, lhes inspiram gestos, sentimentos, venerações e/ou anátemas”. Quem assim explica é o escritor lusitano Fernando da Costa no prefácio do livro “Os filhos de Mussa Mbiki”, da autoria do escritor português radicado em Moçambique, José Pinto de Sá, lançado nesta quarta-feira, em Maputo.
Na obra, José Pinto, rebusca vivencias tristes e assombrosas que antecedem a independência em Moçambique: os costumes, os hábitos, as crenças, o sofrimento obtido na batalha contra a fome, a escravidão e o colono.
Para José Pinto, autor do livro, genericamente a obra é um realce ao apelo a paz em Moçambique. No entanto, para além de trazer narrações que versam momentos marcantes, embora tristes, dos filhos de “Mussa Mbiki”, em oito histórias, José Pinto, consegue trazer a sociedade actual, que nunca viu a guerra, a reflexão e a exortação ao convívio harmonioso.
“Felizmente estas histórias são do passado. Trata-se de situações que decorreram a mais de 20 anos atrás, mas nem com isso é preciso que as gerações actuais e as futuras, que ditosamente, não viram a guerra, saibam do mal que ela traz numa sociedade e, que não permitam que volte de novo”, aconselha José Pinto.
De acordo com Fernando da Costa, que fez o prefácio do livro, José Pinto perscrutou a vida dos seus concidadãos, mostrando-lhes o tempo de sofrimentos. “O autor percebeu – cedo – que a inexistência da memória – sobretudo na história de um povo – esvazia o futuro. Dai que tenha, através de narrativas sobre percurso do seu povo, retido quotidianos de tempos, de situações enraizados de Moçambique”.
Justificando a mudança da grafia, de Moçambique para Mussa Mbiki, José Pintou disse que é na tentativa de trazer histórias passadas que o moveu a lembrar-nos de Xeique Mussa Al Mbiki, um governante árabe que atribui esse nome a uma ilha, situada na província de Nampula, actualmente ilha de Moçambique, o mesmo que posteriormente foi atribuído ao país.