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Diamante brasileiro indica reservatório de água imensa no fundo da Terra

Um diamante marrom, de aparência suja e sem valor comercial encontrado no Brasil, está a proporcionar informações sobre a composição de uma camada profunda do nosso planeta.

O diamante contém um mineral chamado ringwoodite, que absorveu uma quantidade significativa de água, relatou uma equipe internacional de cientistas nesta semana. A descoberta do mineral rico em água indica que quantidades imensas de água estão aprisionadas em uma zona entre 410 e 660 km abaixo da superfície, entre as camadas superior e inferior da Terra, disseram os pesquisadores.

O ringwoodite é uma forma do mineral peridoto, que se acredita existir em grande quantidade sob enorme pressão debaixo da Terra. Descobriu-se que o mineral contém 1,5 por cento de seu peso em água.

“Esta amostra realmente fornece uma confirmação muito forte de que há trechos húmidos locais no fundo da Terra nesta área”, afirmou o cientista de diamantes Graham Pearson, da Universidade de Alberta, que liderou a pesquisa publicada no periódico Nature. “Aquela zona da Terra em particular, a zona de transição, pode ter tanta água quanto todos os oceanos do mundo juntos”, declarou Pearson em um comunicado.

Essa água não está na forma de oceanos líquidos subterrâneos, e sim aprisionada nos minerais, disseram os cientistas. O diamante, formado nas profundezas do solo, foi descoberto em 2008 em Juína, no interior do Mato Grosso, onde os mineradores o encontraram entre o cascalho de um rio pouco profundo. Ele foi transportado para a superfície do planeta por uma rocha vulcânica conhecida como kimberlito, segundo os pesquisadores.

Os ringwoodites têm sido visto em meteoritos, mas esta foi a primeira amostra terrestre encontrada, afirmaram, porque é difícil demais fazer trabalho de campo científico em profundidades extremas. Há um debate em andamento entre alguns cientistas sobre a composição da zona de transição da Terra e se está repleta de água ou não.

Determinar que existe água lá tem implicações para o estudo do vulcanismo e das placas tectónicas, de acordo com os pesquisadores. “Uma das razões de a Terra ser um planeta tão dinâmico é a presença de alguma água em seu interior,” disse Pearson. “A água muda tudo no funcionamento de um planeta”.

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