Milhares de bósnios reuniram-se em várias cidades do país para exigir a renúncia de um governo regional, esta terça-feira, protestando contra a corrupção e o desemprego que mergulharam o país numa crise.
Nermin Niksic, primeiro-ministro da Federação Bósnio-Croata, uma região autônoma que juntamente à República Sérvia forma o território da Bósnia pós-guerra, rejeitou as exigências dos manifestantes no sétimo dia de protestos, mas propôs antecipar as eleições.
Os protestos pacíficos estavam limitados às áreas principalmente muçulmanas da Federação Bósnio-Croata, mas lentamente começaram a se espalhar para outras partes. Os bósnios expressaram o seu profundo descontentamento social com o péssimo estado da economia e a paralisia política, e as manifestações já derrubaram quatro dos 10 governos distritais da Federação.
Os manifestantes agora querem que o governo regional da Federação renuncie para dar lugar a um governo tecnocrata. “Eles estão no poder há 20 anos, mas tudo o que fizeram foi ficar ricos e construir palácios e torres”, disse Hasib Delic, um veterano de guerra aposentado, referindo-se aos políticos locais.
Futuro na União Europeia
Mesmo rejeitando as exigências dos manifestantes, o primeiro-ministro Niksic encaminhou ao Parlamento Central emendas à lei eleitoral que permitiriam ao país realizar eleições antecipadas. Actualmente, a Constituição da Bósnia não prevê essa possibilidade.
Em Sarajevo, os manifestantes, principalmente pensionistas e desempregados de todas as idades, marcharam pela principal rua a gritarem: “Renúncias, renúncias!”. Alguns carregavam uma faixa com os dizeres: “UE-AJUDA”.
Os líderes bósnios e croatas advertiram aos cidadãos para garantir que os protestos não se transformem em confrontos étnicos no país, onde 100.000 pessoas foram mortas durante a guerra de 1992-95 entre sérvios, croatas e bósnios.
As eleições parlamentares e presidenciais regulares estão programadas para Outubro, e os líderes da República Sérvia, outra região autónoma do país, já rejeitaram os pedidos de antecipação. Importantes representantes da UE devem visitar a Bósnia na próxima semana para discutirem possíveis medidas para acelerar a adesão do país ao bloco.

