Rafael Correa, de 46 anos e com apenas dois como chefe de Estado do Equador, é considerado o homem dos recordes na política equatoriana: o líder mais popular, com mais vitórias eleitorais em menos tempo e o primeiro com chances sólidas de ser reeleito para um segundo mandato.
Correa confessou-se surpreso com a façanha: “Deixei de ser um simples professor de Economia para receber o privilégio dado por Deus de me colocar em um lugar muito importante, e trazer mudanças para todo um país”, disse em um ato público.
Apesar de sua origem humilde, conseguiu formar-se em Economia e estudar nos Estados Unidos e na Europa. Ao retornar ao Equador seguiu trajetória acadêmica, escreveu artigos contra o neoliberalismo e, quase que por sorte, chegou ao Ministério das Finanças em 2006. Sua vida mudou inesperadamente quando foi expulso do governo interino de Alfredo Palacio por suas posturas radicais contra os organismos estrangeiros de crédito e por privilegiar a proximidade com a Venezuela.
Depois dessa experiência, fortaleceu-se politicamente e, em questão de meses, tornou-se candidato e, depois, líder de uma nação com fama de ingovernável, onde os presidentes caíam com frequência, sucumbindo à pressão das revoltas sociais. Correa assumiu justamente com este desafio: concluir seu mandato. Talvez por isso surpreenda que apenas dois anos depois esteja a ponto de ser reeleito – permabecendo no poder até 2013 -com chances de se candidatar a outro mandato-, ao final de três testes nas urnas que lhe permitiram estabelecer a atual Constituição. “Foram apenas dois anos, mas parece que foram 20 pela intensidade com que os vivemos”, disse um eufórico Correa convencido de que seu governo tem tudo para ser considerado a primeira revolução do século XXI no Equador. “E se quiserem resumir a revolução cidadã em apenas uma palavra, esta palabra é justiça”.
E com esse propósito Correa tem sido tão impiedoso com seus inimigos como generoso com seus aliados. Correa ajustou contas com os partidos tradicionais e com a imprensa, expropriou bens dos banqueiros, forçou as companhias de petróleo a mudar seus contratos em benefício do Estado, suspendeu o pagamento da dívida externa, que considerou ilegítima, e propôs aos credores a recompra com um desconto de 70%.
Também decidiu não renovar o convênio que permite que tropas dos Estados Unidos operem uma base de combate às drogas em solo equatoriano, expulsou dois diplomatas desse país e rompeu relações com a Colômbia devido a uma incursão militar no Equador contra a guerrilha das Farc.
Os seus adversários o chamam de autoritário, mas Correa sempre faz piada com essas críticas e diz defender os pobres, a quem seduziu com um milionário plano de subsídios para habitação e necessidades básicas. “Aquele que quiser negar a revolução social que ocorreu no Equador, ou é um grande ignorante ou é cego”, afirmou, destacando que, pela primeira vez, a saúde e a educação públicas são gratuitas, e o investimento social supera as economias para o pagamento da dívida externa.