O documentário italiano “Sacro GRA”, sobre pessoas que vivem ao longo do anel viário de Roma, ganhou neste sábado o Leão de Ouro de melhor filme no 70º Festival de Cinema de Veneza.
O filme, cujo nome é um trocadilho com o do rodoanel, que em italiano evoca o Santo Graal, retrata as vidas de 12 personagens, incluindo um cientista combatendo insetos que infestam árvores.
“Nunca esperei ganhar com um documentário um prémio de tal importância”, disse o diretor Gianfranco Rosi na cerimónia de premiação, realizada na principal sala do festival, no dia do encerramento.
“Acho que todo o júri sentiu a força poética do filme de Rosi e isso é tudo a ser dito”, declarou o presidente do júri, o veterano cineasta italiano Bernardo Bertolucci, em entrevista à imprensa.
O filme de Rosi era um dos dois documentários que participavam da competição em Veneza, fato sem precedentes. O outro era “The Unknown Known”, do diretor norte-americano Errol Morris, sobre o secretário de Defesa dos EUA Donald Rumsfeld, da época da guerra no Iraque, que deixou o festival de mãos vazias.
O Leão de Prata para melhor diretor, entre os 20 em disputa na competição principal do mais antigo festival de cinema do mundo, foi para Alexandros Avranas, da Grécia, por “Miss Violence”, sobre uma família em que o pai atua como cafetão dos filhos para conseguir dinheiro.
O prémio de melhor ator foi para Themis Panou pelo papel do pai que comete abusos em “Miss Violence” enquanto o de melhor atriz ficou com Elena Cotta , da Itália, por sua atuação no filme “Via Castellana Bandiera”, de Emma Dante, sobre motoristas mulheres em Palermo, na Sicília.
O diretor do festival, Alberto Barbera, havia dito que o conjunto de obras na competição enfatizava uma realidade sombria e violenta, derivada, em parte, da crise económica mundial.
“Sacro GRA” inclui cenas de profissionais do sexo ao longo do anel viário, mas outros filmes em Veneza focaram em temas como incesto, violência familiar, prostituição infantil e mesmo necrofilia, caso do filme “Child of God”, de James Franco, que não recebeu nenhum prémio.
O diretor taiwanês Tsai Ming-liang, contemplado anteriormente com o Leão de Ouro, recebeu o prêmio do Graade Júri pelo filme “Stray Dogs”, sobre um homem e seus dois filhos vivendo à margem da sociedade na capital de Taiwan. “Realmente, houve um grande conjunto de obras na competição”, disse à Reuters o crítico de cinema do “Telegraph”, de Londres.