Centenas de médicos e outros profissionais de saúde que aderiram a última greve do sector, que durou 27 dias à escala nacional, estão a ser alvos de processos disciplinares sumários orquestrados pelas direcções das unidades sanitárias onde estão afectos, sob orientações do Ministério da Saúde (MISAU).
Grande parte dos processos culmina com penalizações de descontos salariais, aledagamente devido a faltas injustificadas acumuladas nos dias em que a classe abandonou os postos de trabalho para defender os seus interesses.
Vários profissionais sofreram descontos que variam de 30 a 90 porcento nos seus ordenados mensais, segundo a Associação Médica de Moçambique (AMM), que sublinha que estão a ser lavrados centenas de processos disciplinares contra os profissionais de saúde.
Num dos meses “houve profissionais que receberam 950 meticais. A administração (do HCM) estatal violou a lei com estes descontos e chegou a pagar a centenas de profissionais menos do que o salário mínimo nacional”.
AMM refere ainda que diversos profissionais de saúde foram transferidos dos seus habituais postos de trabalho.
“Diversos médicos estão sendo forçados a assinar compromissos segundo os quais não irão viajar para fora dos locais de residência para a obtenção de suas autorizações de férias, alegando que a qualquer momento podem ser chamados a prestar declarações no âmbito dos processos disciplinares. Foram feitos descontos nas férias, na aposentação e vários profissionais não receberam o subsídio 1.800 meticais”.
Outros médicos, cuja situação militar não estava regularizada, após o término da greve receberam o chamado para se alistarem no serviço militar obrigatório.
A formação de após graduação (especialização) médica continua interrompida, apesar de os médicos afectados continuarem com as actividades.