A organização cristã África 180o recuperou 2700 crianças, órfãs ou de mães seropositivas, malnutridas, oriundas de famílias pobres do distrito de Gondola, em Manica, Centro de Moçambique.
Através da iniciativa “Bebés de Fora”, que decorre desde 2005, crianças com problemas de nutrição e debilitadas, geralmente por razões socioculturais e económicas, recebem leite e suplementos com micronutrientes para a sua reabilitação, além de um acompanhamento clínico na organização.
“Denominámos África 180o porque acreditamos na viragem do continente. Incidimos na reabilitação nutricional porque muitas crianças morriam por falta de suplementos, pois muitas delas são órfãs e desprovi- das de recursos”, disse o norte-americano Francisco João, director da África 180o.
O programa proporciona triagem nutricional, consultas e exames médicos a crianças e mães portadoras de VIH/SIDA, pela organização, que funciona com fundos doados por países ocidentais.
“Chegámos a receber, em média, 45 crianças diárias para consultas externas e parte destas são conduzidas para a reabilitação nutricional. Agora temos 635 crianças órfãs de mães seropositivas e algumas com deficiência no progra- ma de reabilitação”, precisou Francisco João.
A desnutrição crónica entre crianças menores de cinco anos em Moçambique ronda os 41 por cento e problemas nutricionais são uma causa adicional de metade das mortes de crianças no país.
O quadro epidemiológico de Moçambique indica que a malária, as doenças diarreicas, o VIH/SIDA, as infecções pulmonares e o sarampo formam “o leque das doenças que agravam o estado nutricional das crianças”, tanto como a desnutrição.
Dados do Instituto Nacional de Saúde e da Associação para Nutrição e Segurança Alimentar (ANSA) indicam que uma média de 41% das crianças moçambicanas padece de desnutrição crónica, existindo províncias com cifras de desnutrição que vão até mais de 55%, neste grupo populacional.
Em geral, a taxa de desnutrição varia de 20% a 55,6% a nível nacional.