Um vendedor ambulante de cigarros, Adel Khédhiri, sacrificou-se com fogo, na manhã da Terça-feira (12), em pleno centro de Túnis, provocando pânico entre os transeuntes, segundo testemunhas oculares.
Uma mulher presente no local explicou que o jovem despejou sobre si gasolina e queimou-se. “Olhem para a juventude tunisina em desemprego, reduzida a vender cigarros”, gritava o pobre rapaz diante duma multidão que acorreu para o socorrer em frente ao Teatro Municipal de Túnis, na avenida Bourguiba, principal artéria da capital do país.
Severamente coberto de chamas, a vítima foi rapidamente socorrida por transeuntes, dos quais um o cobriu com um pano, antes da chegada dos bombeiros, que o transferiram posteriormente num estado “muito crítico” para um hospital em Ben Arous, a 10 quilómetros de Túnis.
“Queimado em 90 porcento, ele está actualmente em coma”, precisou o director do hospital, Imed Touibi. Adel Khédhiri, de 27 anos de idade, é originário de Jendouba, cidade desfavorecida do noroeste da Tunísia.
O seu gesto lembra o de Mohamed Bouazizi, vendedor ambulante de frutas e legumes de Sidi Bouzid (centro-oeste) cuja imolação, a 17 de dezembro de 2010, provocou uma revolta popular que conduziu à queda do regime ditatorial do então Presidente Ben Ali, tendo prosseguido em vários países árabes sob a designação de “Primavera Árabe”.
Mais de dois anos depois da «Revolução de Jasmim», a Tunísia continua a ser abalada por distúrbios sociais, nomeadamente nas províncias pobres do interior do país que protestam contra a deterioração contínua das condições de vida das suas populações.
Em Novembro último, motins fizeram mais de 300 feridos na província de Siliana, no noroeste do país.