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Voleibol: O futuro da modalidade registado num papel a4

A Federação Moçambicana de Voleibol vai reunir-se neste sábado (16) em Maputo, em mais uma sessão ordinária da assembleia-geral. Diferente do que sucedeu ao longo dos três anos passados, dos quais não houve encontro algum, desta vez vai-se discutir e decidir-se sobre o futuro desta modalidade no país. O ponto mais alto será o da eleição do novo corpo directivo daquela agremiação sendo que, Camilo Antão, na presidência daquela federação há mais de vinte anos vai candidatar-se. O @Verdade trás aqui as linhas gerais dos manifestos eleitorais deste dirigente e do seu oponente, o Khalid Cassam.

O futuro do voleibol nacional vai neste sábado às urnas, numa das instâncias turísticas da capital do país, Maputo. António Camilo Antão e Khalid Cassam assumem-se como os dois candidatos à condução dos destinos desta modalidade no país, através da Federação Moçambicana de Voleibol (FMB).

O @Verdade teve acesso aos dois manifestos eleitorais e trás, no presente, as linhas gerais sobre o pensamento dos dois candidatos para o futuro desta modalidade no país.

O actual estágio do voleibol em Moçambique

No entender de Camilo Antão, o vólei no país está num bom caminho no que diz respeito à promoção e à sua massificação, pecando somente na componente do alto rendimento o que, para aquele dirigente, trás uma ideia da não inexistência de profissionalismo na prática desta modalidade. O dedo indicador de Antão aponta para os atletas que, segundo afirma, não levam esta modalidade a sério.

Numa outra abordagem, Camilo Antão fala da falta de infra-estruturas; da falta de técnicos qualificados bem como da inexistência de clubes, como sendo os três elementos que preenchem o calcanhar de Aquiles para o desenvolvimento desta modalidade no país.

Khalid Cassam, por sua vez, limita-se à questão estrutural e directiva do voleibol nacional, acusando, em primeiro lugar, o governo moçambicano de não ter uma acção directa sobre a gestão das federações, uma vez que estas gozam de autonomia administrativa. O candidato entende que há um ligeiro distanciamento entre a federação e as associações provinciais no sentido em que, a primeira, que recebe fundos do Estado e de alguns patrocinadores, nunca os canaliza para as províncias visto que estes não pagam as quotas.

Este cenário, para Khalid, faz com que as províncias remetam-se a uma situação de sobrevivência, dai a razão de somente a cidade de Maputo, que funciona com recursos próprios, conseguir desenvolver o voleibol, organizando, também, torneios regulares.

Neste contexto, Khalid Cassam, mais esclarecedor do que Camilo Antão, assenta o seu manifesto eleitoral em treze problemas, citando alguns deles: falta de campos para a prática do voleibol; reduzido número de praticantes, resultado do fraco trabalho na pesquisa de atletas e de massificação da modalidade no país; falta de acompanhamento dos jogos escolares para a busca de novos talentos; uso inapropriado dos fundos alocados pelo governo à federação; ausência de infra-estruturas quer para a federação quer para as associações provinciais, bem como de recursos humanos para a gestão das mesmas; falta de treinadores qualificados e com formação adequada; ausência total de uma estrutura que contemple árbitros, oficiais de mesa, fiscais de linhas e outros membros necessários para a fiscalização de um jogo de voleibol segundo os padrões internacionais.

Os projectos

Em abono da verdade diga-se que neste aspecto os dois candidatos apuraram-se e mostraram-se conhecedores das reais necessidades desta modalidade desportiva no país, embora tenham cometido, de igual maneira, erros dramáticos. Porque os problemas desta modalidade começam e terminam na falta de infra-estruturas, Camilo Antão concentra-se nas infra-estruturas desportivas, ainda que centradas.

Promete no seu manifesto eleitoral criar no país uma Arena de Voleibol, que englobará os seguintes espaços: ginásio para preparação técnica e táctica; centro de preparação física; centros de prevenção e reabilitação; área administrativa; residências para as equipas técnicas bem como para os atletas.

Khalid, por sua vez, avança que o primeiro passo que se deve dar [quando assumir a presidência] é de se ocupar o edifício oferecido pelo governo para o funcionamento da federação, bem como batalhar para que todas as associações provinciais tenham sedes próprias e recursos humanos remunerados.

Se Camilo Antão não aborda a questão da construção de sedes e infra-estruturas desportivas nível das províncias e nem sequer explica como tornará realizável o seu sonho da construção da Arena, Khalid também não aborda a construção de nenhum campo ou seja, identificou um problema sem solução ainda que para a materialização do seu projecto de sedes espere pela colaboração do governo. Seguindo a lógica dos dois, as províncias continuaram no mesmo marasmo de sempre, entregues à falta de locais para a prática desta modalidade desportiva.

Enquanto Khalid quer legalizar todas as associações provinciais, Antão quer mais aproximação entre a federação e as associações, para que esta modalidade seja praticada em todo o país e nas diferentes especialidades: voleibol de salão, de praia e para os deficientes.

Se o pilar da formação para Khalid Cassam se assenta na formação de formadores de atletas, treinadores e árbitros, criando parceiras com as escolas, para o actual dirigente é preciso formar, estimular e apoiar os árbitros, treinadores e gestores desta modalidade a nível nacional bem como desenvolver um plano estratégico com objectivos de desenvolver o mini-vólei, o voleibol de praia, de sala e sentado também a partir das escolas.

Um dado curioso é no que às competições internas diz respeito. É que enquanto Khalid quer que cada província organize no mínimo duas competições por ano, o Campeonato Provincial e a taça; que cada região organize também um campeonato e uma taça antes de se chegar ao Campeonato Nacional, introduzindo a Taça de Moçambique, Camilo Antão é sintético no seu manifesto: “garantir competições provinciais, Interprovinciais, Subzonais, Zonais e Nacionais.

Se por um lado o actual presidente coloca como marco para os próximos anos vencer o campeonato da Zona VI; vencer o campeonato africano; garantir a presença no Campeonato do Mundo de 2014; vencer o pré-olímpico para chegar aos Jogos Olímpicos de 2016, Khalid quer tornar o voleibol na segunda modalidade desportiva mais praticada no país; participar nos Jogos Olímpicos de 2016; Garantir a internacionalização de no mínimo dois árbitros e treinadores de nível 2 e 3.

Antão não fala em números e Khalid revela que a materialização do seu projecto de quatro anos necessitará de um orçamento de 33.772.399,16 meticais distribuídos entre a despesa com o pessoal, os bens, os serviços e a premiação, valores estes que virão da contribuição do Governo, da institucionalização das quotas das Associações provinciais, dos patrocinadores nacionais e internacionais, de apoios da Federação Internacional de Basquetebol e da Confederação Africana de Voleibol. Aliás, no que toca aos patrocinadores, Camilo Antão diz que quer tornar o voleibol moçambicano num produto de venda.

Há um dado interessante e que chama atenção, no que referente à questão das parcerias internacionais. Os dois candidatos são unânimes em afirmar que para as tornar possível precisaram de contar com a influência de uma figura incontornável do voleibol moçambicano: o Camilo Antão.

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