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Desigualdade entre ricos e pobres continua alta na China

O chefe do Departamento Nacional de Estatísticas da China, Ma Jiantang, disse, esta Sexta-feira (18), que o regime comunista deveria promover reformas para reduzir as disparidades entre ricos e pobres, um assunto que as autoridades chineses há anos recusam-se a enfrentar.

Ao divulgar um indicador recalculado, Ma disse que a desigualdade continua “relativamente grande”. A medição é feita pelo chamado coeficiente de Gini, que no caso chinês teve uma redução apenas modesta nos últimos anos – de 0,491 em 2008 para 0,477 em 2011 e 0,474 em 2011.

Nesse índice, o 0 representa a igualdade máxima, e o 1 seria a concentração total de renda. Os analistas dizem que os índices superiores a 0,4 reflectem uma situação em que as insatisfações sociais podem explodir.

“Essa curva do coeficiente de Gini demonstra a urgência para que o nosso país acelere a reforma no sistema de distribuição de renda, para reduzir a disparidade entre ricos e pobres”, disse Ma a jornalistas numa entrevista colectiva sobre o desempenho económico chinês em 2012.

Segundo ele, os coeficientes dos últimos anos, entre 0,47 e 0,49, mostram que “a disparidade na distribuição de renda é relativamente grande”.

A China não fornecia o seu coeficiente de Gini oficial desde 2005, alegando que calculá-lo era muito difícil em função da grande sonegação nas declarações de renda, especialmente dos mais ricos.

Na China, a disparidade económica entre a mão de obra urbana e rural complica ainda mais o cálculo. Ma disse que a renda nas áreas urbanas alcança o triplo das áreas rurais, e que o rendimento nos sectores mais lucrativos é quatro vezes superior ao dos menos lucrativos.

“Devemos melhorar os nossos esforços para dividir o bolo. Quando estamos a construir a nossa sociedade ‘próspera’, não deveríamos apenas duplicar a renda média das pessoas e o PIB, mas também distribuir melhor a riqueza nacional e dar aos residentes de renda média para baixa uma parte maior da torta”, disse Ma, ecoando prioridades citadas por alguns adeptos da reforma fiscal.

Ainda não foram divulgados detalhes de um plano que promete distribuir melhor a renda chinesa, aproveitando mais os recursos obtidos por empresas estatais. Embora oficialmente comunista, a China regista nos últimos 20 anos uma crescente disparidade entre as suas cidades prósperas e o interior pobre.

A adopção das transacções imobiliárias nesse país também fez com que os pobres urbanos fossem excluídos de um mercado que enriqueceu muita gente. A China tem 2,7 milhões de milionários (pessoas com património disponível superior a 1 milhão de dólares), e 251 bilionários, segundo o site Hurun Report.

Mas 13 por cento dos seus 1,3 bilhão de habitantes vivem com menos de 1,25 dólar por dia, segundo a ONU. A renda média disponível nas áreas urbanas é de cerca de 3.500 dólares por ano.

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