“Karingana wa Karingana” é como se chama a exposição fotográfica do conceituado fotógrafo moçambicano Sérgio Santimano, patente no espaço Kulungwane, na estação central dos Caminhos-de-Ferro de Moçambique, na baixa da cidade de Maputo. As fotos, que podem ser apreciadas até 21 de Outubro, narram a história do povo moçambicano, das suas gentes empenhadas na luta pelo desenvolvimento.
Uma prova exacta de que a arte de viver é sempre um desafio, além da sua beleza que prende a vista dos visitantes na tela, as fotografias de Santimano revelam os vários argumentos do povo moçambicano – em diversos espaços, com enfoque para os rurais e suburbanos – enfatizando as actividades através das quais cada um, no seu sector, com a sua acção, destaca que a pobreza não é uma herança mas uma realidade que carece de transformação. Eles lutam, trabalham e, à sua maneira, modificam o meio.É por essa razão que é possível apreciar, na mesma série, imagens de cidadãos moçambicanos, de todas as idades e sexos, em ramos como a indústria artesanal, pesqueira, actividades domésticas – algumas das quais denunciando que apesar de o país estar a verificar um crescimento económico, o mesmo continua aquém do desejado – sobretudo porque, em determinados lugares da nação, milhares de moçambicanos realizam longas marchas em busca de água potável.
Neste sentido, Santimano relata a história de um povo tenaz, que não se deixa rechaçar pelas peripécias que experimenta no seu quotidiano. Um povo que sabe o que quer: ser feliz.
O escritor Luís Carlos Patraquim considera que, desta vez, no seu trabalho, Sérgio Santimano “se desdobrou em trabalhos temáticos de grande fôlego. Esquadrinhou as terras e as gentes da portentosa província de Niassa e caminhou ao lado dos refugiados de guerra que, após a assinatura do Acordo Geral de Paz de 1992, regressavam às suas aldeias e lugares perdidos”.
Será por essa razão que, na percepção de Patraquim, “O Karingana wa Karingana”, o Era uma Vez que impõe uma dimensão narrativa ao destino e às vicissitudes individuais e colectivas de todo um povo ganha em Sérgio Santimano uma intensidade e um enquadramento peculiares. Nele, como na maioria dos fotógrafos seus compatriotas, o enquadramento vai ao arrepio do discurso oficial, do relatório épico, da visibilidade conveniente”.
A exposição é uma réplica das fotografias que estarão expostas, de forma permanente, no Hospital Universitário Karolinska de Estocolmo, capital da Suécia, onde no dia três, ao mesmo tempo, se realizou a estreia da mostra.
De acordo com a organização do certame, “o fotógrafo seleccionou as imagens com o objectivo de alegrar o ambiente do hospital tornando-o mais acolhedor para os pacientes e visitantes”.
Por essa razão, um estrato do texto do escritor moçambicano Mia Couto, retirado da obra Terra Sonâmbula, confere uma outra dimensão ao signo imagem, incluindo todo o sentido que ela cria: O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar, a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro”.
