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Toma que te dou: Luísa Diogo exila-se em Washington ou Londres ou Polokwane *

– Senhora Luísa Diogo, será verdade que vai abandonar Moçambique?

– Porquê? –

Diz-se, intramuros, nos cafés e nos corredores políticos, nacionais e internacionais, que a senhora está frustrada com a cúpula da Frelimo, em particular com o Presidente Armando Guebuza, que, segundo informações que temos, considera déspota.

– Não faz parte da minha formação usar adjectivos pessoais para classificar alguém, fui educada para respeitar os humanos independentemente da sua classe e porte e, por causa disso mesmo, nunca chamaria o Presidente Guebuza de déspota, jamais disse isso e nunca considerei que o Presidente Guebuza fosse um déspota.

– Mais vai exilar-se ou não?

– Onde? Gosto muito do meu país apesar de muitas injustiças que imperam por aqui. É muita pena, gostaria de dar o meu contributo a nível de outros patamares, mas há pessoas que se incomodam com aqueles que pensam verdadeiramente no povo, no desenvolvimento humano.

– Algumas figuras de peso na economia e política de Moçambique dizem que a senhora já falou em ir viver em Washington, Londres ou em Polokwane…

– Se um dia tiver que ir para um desses lugares ou para outro qualquer, não será, com certeza, pelo despotismo do Presidente Guebuza, mas, sim, por defesa dos meus princípios.

– Então, mesmo que não o queira explicitar, acaba por reconhecer, implicitamente, agora, nestas suas palavras, que Armando Guebuza é um déspota!

– Sabes de onde vem o vento?

– Não, não sei.

– Sabes para onde vai o vento quando sopra?

– Também não sei.

– Pois é! Eu sou como o vento, não sabes de onde venho, nem para onde vou, só ouves o meu ruído. Eu sou a árvore que nunca trepaste para arrancar o meu fruto e saboreá-lo.

– Não percebi nada destas palavras, senhora Luísa Diogo!

– É isso! O Presidente Guebuza também não percebeu a minha frontalidade.

– Tem pena dele?

– Tenho pena das mulheres deste país que são hasteadas nos anais políticos, sem saberem que o próprio Presidente saiu do ventre delas, e elas vão rebocadas, como sempre o foram.

Recebem mensagens dos políticos e repetem-nas em todos os lugares onde estão, sem inteligência, e vêm para aqui com fachos sem combustível próprio.

Eu recusei-me a ser uma bóia que espera, no mar, pelo abastecimento impingido, por isso estou aqui.

A minha mãe disse-me, ainda com o cordão no meu umbigo, que eu seria um candelabro. Ninguém me pode apagar, ninguém me vai apagar, aqueles que nascem do espírito jamais serão apagados.

– Qual é, para si, no nosso país, a mulher que será o protótipo das mulheres do amanhã?

– São todas as mulheres deste chão, desde o momento que elas recusem a manipulação.

– A Alice Mabota também é manipulada?

– Já te disse que a minha formação não me permite adjectivar pessoas.

– Mas o que é que a senhora acha da Alice Mabota?

– Nunca conversei com ela em privado, para percebê-la melhor, por vezes estamos em presença de algo que cintila, sem querer dizer que temos à nossa ilharga o ouro.

– Estará a dizer que a Alice Mabota só brilha?

– O que estou a dizer é que este país precisa de todas as mulheres, sem reboque. Elas têm de pensar e tomar decisões sobre o que querem.

Os políticos dizem uma coisa hoje e amanhã vamos perceber que o que eles disseram ontem não é o que estão a fazer hoje. Uma mulher tem de ter uma única palavra até ao fim. A mulher é a dona da Existência.

– O seu marido, o senhor Albano Silva, tem-lhe dado espaço para estender esta sabedoria que a senhora tem?

– Não sabia que eu era sábia.

– Só para terminar, vai-se exilar ou não? – Onde?

– Em Londres, ou em Washington ou em Polokwane!

– Eu não fui nascida para viver no exílio mas, se um dia isso tiver que acontecer, volto para Nhabulebule, em Tete, para sentir, de novo o cheiro do meu cordão umbilical que a minha mãe enterrou nas raízes da maior maçaniqueira que ainda hoje está lá.

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