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Israel: Ehud Barak, do mito do soldado pela paz à realidade de Netanyahu

O líder do Partido Trabalhista israelita, Ehud Barak, que construiu sua carreira política sobre o mito do combatente engajado na batalha pela paz, ver-se-á, paradoxalmente, no posto de ministro da Defesa de um governo de direita contrário a compromissos.

Barak anunciou sua entrada na oposição após um fracasso retumbante nas eleições legislativas de 10 de janeiro, na qual seu partido caiu de 19 para 13 cadeiras.

Nesta terça, ele virou a situação, conseguindo aprovar, por parte do Congresso trabalhista, uma moção propondo a entrada do partido no próximo governo dirigido pelo chefe do Likud, Benjamin Netanyahu. O ex-chefe do Estado-Maior, após ter liderado o comando da elite do Exército israelense e ter sido primeiro-ministro de 1999 a 2001, tem reputação de ser um fino estrategista que calcula cuidadosamente seus passos.

Diante dos delegados, justificou sua opção “pelo interesse superior do Estado”, no momento em que o país enfrenta, segundo ele, o duplo desafio da “crise econômica” e da “ameaça (nuclear) iraniana”.

Embora tenha convencido seus correligionários, essas reviravoltas não reforçaram sua popularidade junto com o grande público. Entre os mesmos trabalhistas, é acusado de levar o partido para a derrota, de agir por interesse pessoal e de não ter credibilidade.

A ofensiva em Gaza contra o Hamas (de 27 de dezembro a 18 de janeiro), que ele preparou como ministro da Defesa, chegou a reforçar sua popularidade, mas a direita o condenou por ter encerrado a operação cedo demais, sem resultado estratégico, enquanto que a esquerda, muito enfraquecida, critica o grande número de vítimas civis palestinas (mais de 1.300 mortos).

O fracasso da cúpula de Camp David, em julho de 2000, com o então presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, e o presidente americano Bill Clinton, continua ligado ao seu nome. Depois disso, Barak sofreu uma derrota eleitoral, em fevereiro de 2001, quatro meses após o início da segunda Intifada.

Oriundo de um kibutz, formado em Física, Matemática e Sistemas Analíticos, Barak é um produto puro do establishment israelense. Na época em que chefiava o “comando do Estado-Maior”, nata das unidades de elite do Exército israelense, ele participou, principalmente, do assalto a um avião da companhia belga Sabena, desviado por um comando palestino, sobre Tel-Aviv, em 1972.

Chefe do Estado-Maior, ele entra na política em 1995 para se tornar ministro do Interior e, então, chefe da Diplomacia. Está entre os falcões, abstendo-se, em setembro de 1995, de aprovar o chamado acordo de Oslo 2, de ampliação da autonomia palestina na Cisjordânia.

Sua grande conquista, uma vez no cargo de premier, teria sido retirar o Exército do atoleiro libanês sem maiores danos, em maio de 2000, mas a segunda guerra nesse país, no verão de 2006, contra o Hezbollah, ofuscou seu sucesso anterior.

Pianista talentoso, também é amante da Literatura e da poesia. Relojoeiro amador, Barak se diverte montando e desmontando relógios e outros mecanismos.

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