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Sete milhões: populares e governantes desavindos em Muembe

Alguns habitantes do distrito de Muembe, província de Niassa, Norte de Moçambique, acusam o governo local, liderado por Ana Ismael, de mágovernação, sobretudo no respeitante a gestão do Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD), vulgo Sete Milhões.

Este facto, que está por de trás do azedar das relações entre as partes, foi denunciado, Quinta-feira última (9), durante um encontro popular orientado pela Primeira-Dama da República, Maria da Luz Guebuza, de visita aquela província.

Manuel Aide acusou o governo local de não prestar atenção aos problemas que apoquentam as populações, preocupando-se apenas com questões de carácter pessoal.

O fundo dos Sete Milhões é uma iniciativa do Governo destinado a financiar projectos de desenvolvimento local, essencialmente de produção alimentar e criação de postos de trabalho.

As iniciativas que são financiadas pelo fundo são aprovadas pelos Conselhos Consultivos Distritais, órgãos criados para este mesmo efeito.

“Os funcionários do governo deixaram de ser técnicos administrativos e andam preocupados com o dinheiro dos sete milhões. Não entendemos porque é que este dinheiro continua a ser apelidado como sendo para servir o povo, pois não é o que está a acontecer aqui em Muemba”, acusou Aide.

Para sustentar a acusação, os queixosos alegaram, a título de exemplo, que o governo local ordena aos povoados para apresentarem, por exemplo, cinco projectos mas no final só passam dois e quando chega o momento de se receber o financiamento, os valores são inferiores aos solicitados.

“Quando o cidadão faz um projecto apresenta o cálculo do valor necessário para a sua execução e quando o valor é reduzido já não chega para a realização da iniciativa proposta”, disse Manuel Aide.

Os residentes alegarem ainda que alguns dos mutuários recebem cheques que depois são lhes retirados sem nenhuma explicação.

Fonte próxima do Governo distrital explicou que a confusão surge porque todos querem se beneficiar deste fundo, sem entenderem muito bem como é que o esquema funciona, senão apenas a vontade de ter o dinheiro a “todo o custo”.

Em face disto tudo, os populares acusam o Executivo local de inoperância e pedem a retirada da administradora Ana Ismael, alegando que ela é inexperiente na governação e que em sua substituição devia ser nomeada uma pessoa a altura das exigências do distrito.

“Os governantes que foram coloca- dos aqui são inexperientes. Não queremos ser governados por estagiários ou mesmo funcionários que quando chegam ao topo dizem que agora é minha vez”, disse Manuel Aide.

Outros residentes queixaram-se, ainda, de mau atendimento na unidade sanitária local, problema que a Primeira-Dama considerou de muito grave porque os funcionários estão para servir a população.

Na ocasião, Maria Guebuza disse ser legítimo as populações apresentarem os problemas que lhes afligem sem nenhum receio pois, frisou, ”ninguém sofrerá represálias”.

“Por causa das vossas intervenções ficamos a saber da realidade que se vive no distrito. Os Sete Milhões não podem ser manipulados para acomodar ambições pessoais dos dirigentes e as instituições não podem demitir-se das suas funções por causa deste fundo”, explicou.

Maria Guebuza encorajou, na ocasião, as populações a continuarem a trabalhar para vencer todos os obstáculos ao desenvolvimento, destacando, por outro lado, que os problemas quando são apresentados devem ser resolvidos, razão porque Ela mesmo programou a visita a Muembe.

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