O Mamparra desta semana é, pela segunda vez neste espaço, a Polícia da República de Moçambique (PRM) que, numa desmedida e inconsequente busca de protagonismo, ao exibir os alegados ‘raptores’, violou a Constituição da República. Um dos artigos da Constituição da República reza que todos os arguidos gozam de presunção de inocência até que sejam julgados por um tribunal.
Aquele sexteto, que se encontra a ver agora (de novo para a maioria) ‘o sol aos quadradinhos’, é, de acordo com as imagens exibidas pelas câmaras de televisão, a equipa operativa que vinha desencadeando a onda de sequestros que vinha anoitecendo as cidades de Maputo, na maioria dos casos, Beira, Tete e Nampula.
Assim, a Polícia acabou por facilitar a “vida” de eventuais mandantes, quiçá de alguns dentro da própria corporação, para se porem a fresco, agora que aquelas caras foram exibidas. O próprio “segredo de justiça”, vezes sem conta evocado pela própria PRM, foi ao mais alto nível pontapeado, para gáudio da arrogância, da mamparrice que não deve nortear uma instituição que é suposto zelar pela segurança dos seus cidadãos.
O “show” foi de tal forma gratuito que nos foi invadindo largos minutos casa adentro na hora dos noticiários para júbilo dos seus mentores.
O ministro do interior, Alberto Mondlane, em tempos não muito recuados, exonerou o senhor Dias Balate do cargo de director da Polícia de Investigação Criminal (PIC) alegadamente porque este não estava a conseguir responder à demanda dos operacionais dos sequestros.
Soubemos, porque nos sopraram aos ouvidos, que este assunto dos raptos chegou a ser discutido ao nível do Conselho de Ministros, dado o ‘anoitecimento’ que este fenómeno está(va) a causar neste pátria Amada.
No lugar daquele, o ministro nomeou o inspector Cumbana, que cou tristemente célebre quando liderou uma busca ao escritório de um renomado advogado da praça. Foi uma grande mamparrice, que certamente terá contribuído para a sua ascensão.
O comandante geral da PRM, é jurista – sopraram-me ao ouvido – de formação. Como é que numa eventual fuga de outros mandantes dos tristes e assombros sequestros se vai explicar a nação, se colocou o show o no lugar de terminar um trabalho, até aqui, aos olhos de qualquer incauto, quase perfeito?
Como é que esta instituição se quer fazer respeitar, para ser respeitada pelo mais humilde e pacato cidadão?
Como é que esta polícia, com a quantidade de “quadros” que tem não mede a dimensão das asneiras exibidas em praça pública, sem recurso à defesa que o justi quem?
Já lá vai se esboroando o tempo em que havia escassez de mamparras.
Agora abundam às catadupas. Seus mamparras, mamparras, mamparras.
Até para a semana.