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O drama de uma família sem abrigo

O drama de uma família sem abrigo

Um agregado familiar constituído por oito pessoas, e chefiado por uma mulher viúva, de 37 anos de idade, vive ao deus-dará pelas ruas da cidade de Nampula. Sem abrigo nem o que comer, Sónia Mulungo, os seus cinco filhos e dois netos sobrevivem do pouco que amealham diariamente praticando a mendicidade e biscates. Porém, a fome está a começar a torturar as barrigas dos integrantes da família de Sónia que procura ajuda para regressar à terra natal, Maputo.

Sónia Alfredo Mulungo, os seus filhos e netos sentem na pele a ditadura da miséria, vivendo sob constante ameaça de não ter o que comer no dia seguinte. A única fonte de rendimento é a mendicidade. O calvário dessa família começou quando o seu esposo perdeu a vida e ela foi despejada da sua residência pelos parentes do seu marido, obrigando- a a viver ao relento.

Sónia é natural da cidade de Maputo. Ela nasceu e cresceu no bairro de Chamanculo. Deixou a sua terra natal em 1992 com destino ao distrito de Ribáuè, na província de Nampula, uma vez que o pai dos seus dois primeiros filhos havia prometido casar-se com ela.

Porém, volvidos cinco anos a viverem maritalmente, o seu marido deixou a família à sua própria sorte para se juntar a outra mulher. “Em 1997, fui expulsa de casa pelo meu esposo, tendo-me deixado com as crianças ao relento”, conta.

Sem emprego e muito menos uma fonte de rendimento, Sónia Mulungo lutava para que os seus três filhos não morressem a fome. Passados seis meses, conseguiu um trabalho como servente numa obra de construção de salas de aulas, onde acabou por conhecer o homem, por sinal seu colega, que se tornou no seu marido. Ambos decidiram viver maritalmente na cidade de Nampula.

Na capital do Norte, o casal vivia na casa dos pais do homem e dessa união resultaram dois filhos. Porém, o seu marido faleceu e, volvidos 10 meses, Sónia e os seus cinco filhos foram obrigados a abandonar a casa pelos seus sogros e cunhados, alegadamente porque a habitação não pertencia ao falecido.

“Não me restava mais nada senão colocar tudo nas mãos de Deus. Todos os dias tenho lutado para conseguir algum dinheiro para alimentar os meus filhos. Mas o que eu mais quero é apoio para voltar para a minha terra natal, pois lá terei ajuda dos meus parentes”, disse.

Como a família sobrevive?

Para garantir o sustento da sua família, Sónia faz algumas tarefas domésticas para algumas pessoas que a conhecem e em troca recebe alimentos. Ela ajuda na limpeza do seu pátio e não só. “Também lavo pratos, roupa e outras actividades e recebo dois a três quilogramas de arroz ou farinha de milho”, disse acrescentando: “As pessoas não me querem dar emprego. Elas não querem compromisso, querem apenas que eu trabalhe e receba de imediato”.

Sónia e os seus filhos já residiram nos bairros de Mutauanha, Napipine, Zona Militar, Muahivire, Piloto e Muatala. Moraram em 12 casas, tendo sido expulsos devido à falta de pagamento das rendas que variavam entre 100 e 200 meticais mensais. Há sensivelmente dois meses aquela família vive na rua e nas barracas do mercado 25 de Junho, vulgo matadouro.

Sónia Mulungo disse que, devido a esta situação em que se encontra, pede apoio para voltar para a sua terra natal, onde terá uma habitação e as condições, por mínimas que sejam, para sustentar os seus filhos. “O meu desejo é voltar para a casa”, disse para depois acrescentar que gostaria que caso os seus familiares estejam vivos pudessem acolher os seus filhos.

Quem são os seus familiares?

Sónia Alfredo Mulungo é filha de Alfredo Mulungo e de Rebeca Lucas Chave. O pai perdeu a vida nos anos 90 e a sua mãe vivia na vizinha África de Sul. Segundo conta a nossa entrevistada, quando saiu de Maputo, em 1992, a sua mãe e o seu padrasto praticavam a actividade comercial na terra do rand.

Sónia diz que na década de 80 o irmão, que era jogador do Clube Matchedje de Maputo, trabalhava na Manutenção Militar. Além da sua mãe, a nossa entrevistada afirmou ainda que tem como familiares o seu tio, irmão do seu falecido pai, conhecido por Zeca Alfredo Mulungo, Luísa Lucas Chave, Teresa Lucas Chave, Julieta Lucas Chave, Maria Lucas Chave e Estêvão Mulungo, sendo que este último reside na baixa da cidade de Maputo.

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