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Processo de paz é “inabalável”, afirma Brown

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, saudou nesta segunda-feira a “unidade” manifestada pelo povo e os dirigentes do Ulster depois do ataque de sábado contra um quartel britânico reivindicado pelo IRA Autêntico e afirmou que o processo de paz é “inabalável”.

O ataque provocou os temores de um retorno da violência ao Ulster, onde os Acordos da Sexta-Feira Santa de 1998 acabaram com 30 anos de conflito entre unionistas protestantes, favoráveis à permanência da província dentro da Grã-Bretanha, e católicos republicanos partidários da fusão com a Irlanda.

“O que vi esta manhã é a unidade do povo irlandês e a unidade dos partidos políticos”, declarou Brown ao fim de uma reunião em Stormont com o primeiro-ministro norteirlandês, Peter Robinson, líder do Partido Unionista Democrata (DUP, protestante) e com o vice-premier Martin McGuinness, membro do partido católico Sinn Fein.

“Estão unidos por trás do processo de paz que construíram durante muitos anos”, afirmou o primeiro ministro britânico, que mais cedo visitou a base militar britânica de Massereene, 25 km ao noroeste de Belfast, onde dois soldados britânicos morreram no sábado durante um ataque contra o quartel reivindicado pelo IRA Autêntico.

“Eles, como eu, queremos lançar ao mundo a mensagem de que o processo de paz nunca poderá ser quebrado. De fato, o processo político é, agora, inabalável”. Brown estava acompanhado pelo ministro britânico para a Irlanda do Norte, Shaun Woodward.

“O IRA Autêntico não tem lugar na política norte irlandesa. São assassinos sem piedade, são terroristas que não mostraram nenhuma compaixão com as pessoas que morreram”, afirmou.

O IRA Autêntico, um dissidência do Exército Republicano Irlandês (IRA) contrário ao processo de paz norteirlandês, reivindicou no domingo o ataque de sábado que matou dois soldados e deixou quatro feridos.

Gerry Adams, líder do Sinn Fein, principal partido católico republicano do Ulster e antigo braço político do desmantelado Exército Republicano Irlandês (IRA), que no domingo condenou o atentado, afirmou nesta segunda-feira que os autores do atentado não têm apoio popular nem estratégia.

No entanto, afirmou que o chefe de polícia da Irlanda do Norte, Hugh Orde, cometeu um “grande erro” ao admitir, 36 horas antes do atentado, que havia mobilizado especialistas do exército britânico para seguir republicanos dissidentes que estariam planejando assassinar um policial.

“A intervenção destes agentes no passado, totalmente irresponsável, provocou o mesmo sofrimento que, por infelicidade, estão passando neste momento as famílias dos dois soldados britânicos mortos”, declarou Adams à BBC.

“Não querem o exército britânico na Irlanda, nem os republicanos, nem os patriotas, nem os democratas. E insisto mais uma vez que isto não justifica o ocorrido”. Adams opinou que o futuro dependerá da habilidade dos políticos “para unir e permanecer tranquilos”.

O atentado foi unanimemente condenado pelos líderes políticos do Ulster, da Grã-Bretanha e da Irlanda.

Os dois mortos eram soldados, de 20 anos, que não estavam de serviço porque viajariam no domingo em missão para o Afeganistão.

O ataque também deixou quatro feridos, incluindo outros dois militares e dois entregadores de pizza, um britânico e outro estrangeiro. Três estão em situação grave e o quarto em estado crítico.

As autoridades acreditam que existem 300 republicanos dissidentes ativos no Ulster. O DUP e o Sinn Fein dividem o poder no governo regional desde 8 de maio de 2007.

O ataque de sábado, condenado pelos dois partidos, reavivou os temores sobre o processo de paz, ainda frágil.

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