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Japão registra déficit corrente recorde em janeiro e Bolsa desaba

A Bolsa de Tóquio caiu nesta segunda-feira a seu menor nível em 26 anos, após o anúncio de um déficit em conta corrente recorde no Japão, ilustrando a deterioração espetacular da segunda maior economia mundial, que era mais acostumada a superávits correntes gigantescos.

O balanço de contas correntes, o indicador mais preciso da situação de uma economia em relação ao resto do mundo, que mede as trocas de bens e de serviços, assim como fluxos de investimentos internacionais, registrou em janeiro um déficit sem precedentes de 172,8 bilhões de ienes (1,8 bilhão de dólares), o primeiro em 13 anos e o quarto maior já registrado na história.

Este mergulho no vermelho, nitidamente pior que o previsto pelos economistas, pode ser explicado pela queda das exportações (queda de 46,3% em um ano) e da renda dos investimentos japoneses no estrangeiro (-31,5%), segundo dados publicados pelo ministério das Finanças.

Estes dados revelaram também uma nítida desaceleração dos investimentos diretos e da carteira realizados no exterior pelos residentes japoneses. “Isto sugere que um número cada vez mais elevado de empresas japonesas vem enfrentando falta de liquidez”, destacou Hiromichi Shirakawa, economista do Crédit Suisse, acrescentando que isto pode em breve desencadear uma disparada das taxas de juros praticadas no Japão.

“Até agora, os bancos comerciais responderam a esta carência. Mas como os bancos vêm enfrentando eles próprios problemas de capitalização, uma intervenção mais vigorosa do Banco do Japão nos mercados será provavelmente necessária a curto prazo”, comentou Shirakawa.

O Japão registrava tradicionalmente um dos maiores superávits do mundo, graças ao vigor de suas exportações e de seus investimentos no exterior, assim como o alto nível de economia de suas famílias, habituadas a poupar.

Mas a crise financeira mundial está revirando tudo: a demanda de automóveis ou ainda de produtos eletrônicos japoneses caiu no exterior, e os rendimentos dos investimentos japoneses não param de encolher devido à tormenta no mercado financeiro e à queda do valor dos ativos de todos os gêneros.

“O Japão depende da demanda externa e sua economia não vai se recuperar enquanto as exportações não forem retomadas”, advertiu Mitsushige Akino, gerente de fundos da Ichiyoshi Investment Management.

Segundo ele, os dados das contas correntes publicados nesta segunda-feira mostram que a retomada continua fora de cogitação por enquanto no Japão.

Minada pelas más notícias, a Bolsa de Tóquio perdeu 1,21%, a 7.086,03 pontos, seu menor nível desde 6 de outubro de 1982.

O número de falências das empresas no Japão cresceu 21% em um ano em fevereiro, segundo dados publicados também nesta segunda-feira. No total, 1.131 empresas fecharam as portas, deixando um passivo de 1,197 trilhão de ienes (9,6 bilhões de euros), mais que o dobro do registrado em fevereiro de 2008.

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