Manhiça, pelo menos para quem bem a conhece, tornou-se nos últimos tempos famosa pelas mulheres que lá existem, diga-se predominantemente adolescentes e (mais) jovens. Ainda se fosse como o Brasil afamado pelas mulheres exuberantes, exemplos de beldades femininas em terra. Manhiça é famosa pela exagerada e demasia irresponsabilidade juvenil.
É que não é para menos. Está instalada naquela vila uma espécie de meretrícia tímida que encontra desculpa na volumosa ignorância com relação ao futuro como para com as doenças endémicas, ou seja, as miúdas querem lá saber se existe perigo nas suas andanças excessivamente intrépidas.
Se ontem os padrões normais e normalizados para a conquista amorosa foram da sinceridade e paixão ou atracção, como se queira, onde inclusive o homem se batia na tentativa de provar algum sentimento nem que este fosse fictício, hoje a coisa é outra e diferente, se calhar pelos ventos do modernismo ou simplesmente do interesse material: um carro basta. Uma vida de curtição, de barracas e passeios é complementar. Quer dizer, para “paquerar” hoje em dia basta um “quatro rodas” como se tem dito.
O agravante na história nem é exactamente a relação que os parceiros firmam. É exactamente a rotatividade constante com que se debate: eles trocam-se como se de uma camiseta do Barcelona tratasse, isto é, hoje é com este, amanhã é com aquele e depois com o outro da mesma rede de amizades atendendo que os crocodilos de carro são amigos da mesma laia. E faz-se isso em sede do conhecimento de tudo o que de per si conduz à conclusão de se tratar de uma neo-prostituição informal.
Aliás, a rede dessas mulheres é, outrossim, a mesma: são todas amigas e unidas pelo que as guia, a ignorância.
Não é preciso especular e nem carecem provas. É um facto que os abortos clandestinos praticados são a principal saída quando a bomba enche quase ao broto. Especular seria dizer que a taxa de infecções por doenças sexualmente transmissíveis é elevada pela visível perda retumbante de peso por parte delas ao longo dos tempos, o que, para além de ser errado, ofende.
Não é preciso ir longe, todo o santo canto da vila é lugar estratégico para observar em todas as dimensões os factos. Há quem diga que entre adolescentes e jovens da vila, pelo menos aquelas que servem de cartão-de-visita, não existe alguma sequer para casar. Precisa-se apenas de um “Corola” para abusar da sua ingenuidade na miséria, amassar e jogar.
Mas tal facto em momento algum deve ser generalizado, pois as que sobrevêm na capa de jovens da Manhiça só certificam a tese de que o excremento na água flutua embora esta seja uma verdade nua e crua pelo que se não deve temer em narrá-la. Há ainda jovens bonitas de corpo e espírito que se preservam. Que se cuidam e ainda apostam na Escola como garante do futuro.
Mas…e os Pais? Esses perderam o controlo. Uns por distracção e outros pela dificuldade em distinguir liberdade da libertinagem na hora de disciplinar as filhas pelo que nem devem constar da reflexão.
Está consumado o papo corriqueiro entre a juventude na Manhiça de que o “amor já não enche estômago” e o “presente deve ser vivido agora” mesmo pondo em causa o amanhã de muita gente que se perde em aventuras sexuais irresponsáveis com outra casada, absurdamente adulta e digna de respeito na Manhiça.
Uma nova juventude precisa-se. Que voltem os tempos ou que os mesmos julguem cada um pelos seus actos.
“Na Manhiça é frequente encontrar-se mulheres jovens com 15GB de corpo e 5MB de cabeça” (Bruno Diana)