Moçambique aumentou significativamente o número de circuncisões, com o objectivo de prevenir a transmissão do vírus HIV, passando de nenhuma intervenção em 2008 para 7633 em 2010, segundo um estudo de agências da ONU.
O relatório “2001 Global HIV/AIDS Response” é uma parceria entre o Programa das Nações Unidas para o HIV/SIDA (ONUSIDA), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e foi, esta Quarta-feira, divulgado em Genebra.
Segundo o documento, três ensaios clínicos realizados em países da África subsaariana demonstraram que a circuncisão reduz em até 60 porcento o risco de homens heterossexuais seronegativos contraírem o HIV, assim como reduz o cancro no pénis.
Em Moçambique, essa medida de prevenção tem vindo a aumentar exponencialmente, passando de nenhuma circuncisão em 2008, para 100 em 2009 e 7633 circuncisões em 2010.
O documento indica que para atingir 80 porcento de prevenção, entre os homens de 15 e 49 anos, seria necessário realizar em Moçambique 1.059.104 circuncisões.
O estudo indica que há uma tendência de estabilização na incidência do HIV em Moçambique, mas a proporção da população a viver com o vírus permanece muito elevada. E
m Moçambique, a estimativa da prevalência de infecção pelo HIV é de perto de 13 porcento da população (pouco mais de 20 milhões de pessoas) e cresceu nove porcento entre 2001 e 2010.
Situação noutros países
Por seu lado, em Angola a estimativa da prevalência de infecção pelo HIV é de cerca de três porcento da população (aproximadamente 18,5 milhões de habitantes), tendo sofrido um aumento de 70 porcento entre 2001 e 2010.
Entre 24 países estudados, houve um declínio de 31 porcento da prevalência média de mulheres grávidas com HIV atendidas em clínicas pré-natais, mas em Angola houve um aumento de 50 porcento nesse grupo populacional.
O valor mais elevado da redução registou-se no Quénia e na Etiópia, com uma queda de 70 porcento. Moçambique e Angola estão entre os 22 países prioritários dos organismos internacionais no combate à transmissão materna do vírus HIV. Um terço das pessoas que vivem com o HIV na América Latina é de brasileiros.
Entretanto, a prevalência do HIV no Brasil em adultos nunca alcançou um porcento, devido a uma resposta bem coordenada ao problema, à protecção dos direitos humanos e aos programas específicos, que impediram uma potencial epidemia no país.
Tratamento na lusofonia
Segundo o documento, a estimativa de cobertura de tratamento antiretroviral para pessoas com HIV, em países lusófonos, é de 70 porcento no Brasil, 33 porcento em Angola, 43 porcento em Cabo Verde, 48 porcento na Guiné- Bissau, 40 porcento em Moçambique e 34 porcento em São Tomé e Príncipe.
Um estudo iniciado em 2005 e realizado em vários países, entre os quais o Brasil, concluiu que o fornecimento imediato de medica mento antiretroviral para um portador do HIV reduz em 96 porcento a transmissão do vírus para o seu parceiro (não portador do vírus).
O relatório indica que a incidência global de infecção por HIV estabilizou e começou a declinar em muitos países com epidemias generalizadas.
O número de pessoas que recebem terapia antiretroviral continua a aumentar e 6,65 milhões de pessoas estavam a receber tratamento no final de 2010.
O documento revela que existe a preocupação com países em que a transmissão do vírus HIV e as mortes aumentaram, sobretudo na Ásia Central e no leste da Europa.
Um total de 2,7 milhões de pessoas foi infectado com o HIV em 2010 – ante os 3,1 milhões em 2001 –, contribuindo para o número total de 34 milhões de pessoas a viver com HIV no mundo em 2010.