Olá a todos!
Escrevo a partir daquela que posso considerar a minha segunda cidade de acolhimento: quis, certa vez, que o destino para cá me atirasse. Tenho por aqui laços de afinidade, amigos e companheiros de verdade.
O Porto, a Invicta, como também é apelidada por esta gente cá do norte, que devo dizer ser baste acolhedora, está hoje totalmente diferente daquele que eu conheci passam perto de 10 anos. Nessa altura, falo particularmente a nível de infra-estruturas, era pobre; Lembro-me de que a pior ofensa que se podia fazer a um cidadão do Porto era perguntar-lhe onde ficava a estação do metro. Hoje tem uma rede de metro invejável e um serviço de transportes públicos que cobre a maior parte do Grande Porto.
Como é de se esperar, uma rede bem montada de transportes públicos acarreta tudo o que é de externalidades positivas para um contexto de desenvolvimento socioeconómico desejável em que os agentes económicos, dos mais variados campos, são os protagonistas.
Um desses campos é a Cultura. O Grande Porto engloba conselhos como Matosinhos, Gaia, Gondomar, Valongo e alguns outros que não me ocorrem, que estão bem entrosados entre si. O entrosamento é feito, também, num denominador comum: a cultura, que constitui um dos essenciais centros galvânicos do desenvolvimento das populações. Percebe-se, ao chegar-se aqui, que foi potenciada uma rede transversal de cultura com um fim comum e coeso que funciona como uma espécie de plataforma de união e de crescimento. A dimensão deste vector cultural estabelecido surge num contexto de união de esforços e sinergias baseado num conceito do Porto, cidade Metropolitana. Na minha perspectiva, esta cidade tem vários ex-líbris, desde os vários edifícios como a Torre dos Clérigos, até as salas de espectáculos que de alguma forma se tornaram míticas, como é o caso do Coliseu, o Rivoli, o teatro Sá da Bandeira e outros; neste contexto surgiu já há alguns poucos anos a Casa da Música, que definitivamente ocupou o lugar de sala principal de espectáculos apresentando sempre um cardápio invejável para as diversas manifestações culturais.
Devo dizer que fui apanhado de surpresa pela animação cultural que se vive aqui, pois deveria ter planeado a minha viagem de acordo com a agenda que estes espaços proporcionam para não correr o risco de falhar, por exemplo, alguém como Wayne Shorter, figura que se confunde com a história do Jazz. Shorter fez parte do movimento hard bop envolvido nos Jazz Messengers de Art Balkey, depois no quinteto de Miles Davis nos anos ´60, para no período do movimento Fusion enquadrar-se naquela que foi a banda impulsionadora do referido movimento, os Weather Report, de Joe Zawinul, destacando-se sempre como um compositor, intérprete e solista de extrema originalidade. Estará com uma formação de se meter inveja. Brian Blade na bateria, John Patitucci no contra-baixo e Danilo Perez no piano. Deverá ser a tournée para o seu último disco, Foots Print, no entanto deverá brindar a sala com outros grandes êxitos. Será na Casa da Música no dia 11 de Março.
Bem, como podem imaginar, estou imbuído num ambiente de extrema excitação, no corredor obrigatória onde as coisas devem acontecer- o Porto ganhou já o estatuto de corredor obrigatório de passagem. Só para terminar este primeiro Call desde as margens do rio Douro à baia de Maputo gostaria de fazer um parêntese em género de provocação:
Qual seria a equação matemática, sociopolítica e económica que se deveria desenhar para a obtenção dos mesmos resultados num contexto Maputo – Matola?
Voltarei em breve. Abraços, beijos e carinhos.