Numa atitude considerada de “prepotência e falta de diálogo”, a direcção da fábrica Açucareira de Xinavane, no distrito da Manhiça, província do Maputo, ameaçou, esta quinta-feira, expulsar os trabalhadores caso não abandonem a greve e reiniciarem as actividades produtivas.
“O director, cara sem vergonha e numa atitude de prepotência e de falta de espírito de diálogo, mandou-nos informar que iríamos ser expulsos se não retomássemos as actividades produtivas”, revelou um dos grevistas, falando num contacto telefónico a partir de fora da fábrica onde se encontram os assalariados grevistas retirados à força na manhã desta quarta-feira por um contingente da Força de Intervenção Rápida (FIR) despachada para o local.
Motivos da greve
Os trabalhadores foram escorraçados do interior da fábrica por meio de disparos de gás lacrimogénio “e sob ameaças de usarem balas verdadeiras se não saíssemos da fábrica em cinco minutos”, acrescentou o informante, cujo nome o omitimos a seu pedido, “pois aqui não podemos falar nem com a imprensa escrita, nem com a televisão, sob risco de sermos expulsos de imediato”, justificou.
A razão de fundo da greve prende-se com promessas não cumpridas pela direcção da Açucareira de Xinavane no sentido de satisfazer o reajustamento salarial solicitado pela massa laboral, segundo ainda a fonte, sublinhando que “a um de Junho de 2011, na primeira greve realizada na empresa, o director Cumbe prometeu resolver o nosso pedido de regularização salarial até meados de Outubro de 2011, mas até hoje nada está feito e não nos diz nada”.
Sobre as ameaças de expulsar todos os trabalhadores, a fonte disse que “estamos dispostos a perder emprego que continuar a receber 3500 meticais, porque não somos familiares dos directores, contra oito mil dados a filhos e simpatizantes dos nossos chefes que fazem a mesma coisa que nós, os pobres”, disse a terminar o mesmo trabalhador.