Líderes políticos da Eslováquia chegaram esta quarta-feira a um acordo para a aprovação do fundo de resgate da zona do euro após intensos debates, efetivamente encerrando uma crise que ameaçava o processo para uma solução da crise da dívida instalada no bloco.
Na terça-feira, o governo da Eslováquia havia perdido um voto de confiança para garantir o fortalecimento do fundo (EFSF, na sigla em inglês). Mas nesta quarta-feira, a oposição liderada por Robert Fico e partidos governistas chegaram a um acordo para aprovar o plano. O país de apenas 5,4 milhões de habitantes –menos de 2 por cento da população do bloco do euro– era o único a não confirmar o plano para aumentar o poder da UE para conter a crise da dívida. “O acordo torna possível que votemos amanhã à noite ou no máximo na sexta-feira o EFSF, e as leis vinculadas ao fundo serão aprovadas”, disse Fico, líder oposicionista e ex-primeiro-ministro.
A confirmação de todos os 17 integrantes do bloco é necessária para o plano ser colocado em ação. O acordo na Eslováquia vem após a autoridade econômica máxima da União Europeia dizer em Dublin que a zona do euro se encontra “em situação muito perigosa”, pressionando os governos a tomarem medidas fortes em uma cúpula da UE que foi adiada para 23 de outubro para dar tempo aos políticos de idealizarem uma nova estratégia para a Grécia e aos bancos em situação problemática. I
nspetores da Europa e do FMI deram luz verde na terça-feira para a Grécia receber uma nova parcela de ajuda necessária para evitar uma moratória, mas os novos dados mostraram que o déficit orçamentário grego está crescendo, e fiscais de impostos gregos prometeram entrar em greve na próxima semana para protestar contra cortes salariais e de pensões.
Dois anos depois do início de uma crise que, segundo líderes avisaram, poderia mergulhar as economias ocidentais de volta em uma recessão, a zona do euro, com 17 países, se esforça para encontrar a solução “big bang” que governos estrangeiros, economistas e investidores dizem ser necessária para impedir o contágio.
Alemanha e França prometeram fazer propostas para um novo “plano abrangente” até o final do mês, suscitando esperanças nos mercados financeiros. Na quarta-feira o euro atingiu o nível mais alto em quase um mês, em relação ao dólar. Mas fontes dizem que ainda falta muito para os dois países poderem chegar a uma solução.
ITÁLIA
Turbulências políticas em outros países da zona do euro estão alimentando as incertezas sobre a resposta do bloco à crise, mantendo os investidores nervosos. Um grupo de estadistas europeus, incluindo os ex-ministros do Exterior alemão e francês Joschka Fischer e Bernard Kouchner, avisou que a busca por soluções nacionais, ao invés de europeias, corre o risco de dilacerar o bloco.
Num comunicado em tom incomumente franco, o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, expressou graves dúvidas sobre a capacidade do governo do premiê Silvio Berlusconi de cumprir as reformas econômicas prometidas. O primeiro ministro italiano, que sofreu novas pressões para renunciar na semana passada depois de sugerir que seu partido mudasse de nome, adotando como novo nome um termo de baixo calão para designar a genitália feminina, sofreu outro constrangimento na terça-feira quando não conseguiu fazer aprovar um dispositivo orçamentário chave.
Berlusconi pretende discursar para o Parlamento esta quinta-feira, e é provável que seja realizado um voto de confiança no dia seguinte.