É negro, elegante, eloquente, moderado e apresenta-se bem na televisão. Porém não é Barack Obama. Ou melhor, há quem lhe chame o Obama dos Republicanos mas o seu nome é Michael Steele e é a ele que o partido Republicano, a atravessar uma grande crise, decidiu entregar as rédeas do comité nacional.
Michael Steele, de 50 anos, que curiosamente foi adoptado por uma família de posses democrata, é o primeiro “chairman” negro nos 155 anos de história do partido Republicano. Em 2003, como governador de Maryland, foi o primeiro afro-americano deste partido a tentar conquistar um lugar no Senado Federal mas a sua candidatura fracassou. Casado, pai de dois filhos e admirador de Ronald Reagan, Steele é um católico devoto ao ponto de ter passado vários anos pelo seminário antes de optar pela advocacia e pela política.
Com o seu catolicismo minoritário nas fileiras republicanas, a pele negra de Steele contrasta com as bases do seu partido que, após sucessivas derrotas, são cada vez mais brancas. Depois de ter sido eleito numa sexta votação nos finais de Janeiro, Steele prometeu mudanças com promessas de reabilitar a desacreditada marca política dos republicanos.
Entre os grande desafios de Steele encontram-se um partido sem uma clara liderança, com grandes divisões internas e um retrocesso eleitoral que desde as legislativas de 2006 se traduziu na perda de 49 assentos na Câmara Baixa e de 14 no Senado. Também os cismas ideológicos ficaram bem evidenciados durante a última campanha eleitoral com a candidatura McCain/Palin.
Após seis votações em cadeia, em contraste com outras eleições internas quase por aclamação, o novo presidente do Comité Nacional Republicano reconheceu alguns destes desafios pendentes defendendo que os problemas do partido são mais de percepção do que de substância: “Temos um problema de imagem. Temos sido mal definidos. Somos definidos como um partido que não se preocupa, insensível, ao qual não importam as minorias nem se preocupa com o quotidiano, com as expectativas e os sonhos do americano médio.”