As importações moçambicanas de hortícolas reduziram consideravelmente nos últimos anos graças ao aumento da produção interna, mas o país ainda é extremamente dependente em relação a produtos manufacturados.
Esta informação foi revelada pela Directora de Relações Internacionais no Ministério da Indústria e Comércio (MIC), Cerina Mussá, falando, Quarta-feira, em conferência de imprensa, sobre a posição de Moçambique na integração comercial na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
“Hoje, por causa do aumento da produção interna, estamos a reduzir a importação de produtos agrícolas… mas ainda somos muito dependentes em produtos manufacturados”, disse Mussá, falando no âmbito da 47ª edição da Feira Internacional de Maputo (FACIM).
Fazendo um balanço da integração regional, Mussá explicou que depois da abertura da zona do comércio livre, em 2008, as exportações de Moçambique para a região aumentaram consideravelmente.
Com efeito, em 2008, as exportações de Moçambique destinadas a SADC representavam 18 por cento, fasquia que subiu para 19 por cento no ano seguinte.
Porem, em 2010, estas reduziram para 13 por cento devido a crise financeira internacional, mas este ano começaram a recuperar, tendo atingido 13 por cento só no semestre passado.
Por outro lado, as importações de Moçambique na região da SADC aumentaram de 23 por cento do total, em 2008, para 32 por cento no ano seguinte.
Em 2010, as importações também baixaram para 30 por cento, devido a crise financeira, mas agora começaram a recuperar, tendo atingido 26 por cento no primeiro semestre deste ano.
“Isto é sinal de que o comércio intra-regional está a crescer”, disse Mussá, apontando, contudo, a existência de alguns desafios ainda por ultrapassar.
Um dos desafios consiste no registo das exportações do país de origem para a região, particularmente para a vizinha África do Sul, mercado que detém 95 por cento do total do fluxo comercial de Moçambique com os outros países da região.
Por exemplo, sabe-se que, actualmente, Moçambique exporta hortícolas para a África do Sul, mas tal acontece de maneira informal, não constando por isso nos dados estatísticos do MIC. Por outro lado, Mussá disse que não basta o aumento da produção interna e das respectivas exportações para a região.
“Mais importante ainda é que as empresas nacionais criem delegações na região para melhor conhecerem o mercado e passarem a produzir de acordo com o local para que pretendem exportar”, explicou ela.
Outro desafio ainda consiste na criação de medidas de maior controlo de produtos nas fronteiras moçambicanas, o que passa pelo conhecimento das regras de origem dos produtos por parte dos oficias das Alfândegas, porque tal permite saber quais os produtos que beneficiam de isenções aduaneiras.
“Moçambique deve conhecer mais a estrutura económica de outros países, para haver maior controlo nas fronteiras e no pagamento ou não dos direitos de origem”, disse ela.