Um dos antigos homens de mão de Afonso Dhlakama e hoje vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) diz que a RENAMO “não tem condições” para concretizar a ameaça de aquartelar os ex-guerrilheiros desmobilizados do Exército.
Nos últimos dias o presidente da RENAMO faz ameaças em como vai reagrupar os seus antigos guerrilheiros, supostamente marginalizados nas FADM, que integraram em 1992, no quadro do Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de guerra civil no país.
O vice-chefe do Estado-Maior General das FADM, Olímpio Cambona, ele próprio oriundo da RENAMO, disse que não vê condições para aquela força aquartelar os seus ex-guerrilheiros e desmentiu a existência de uma campanha de marginalização dos militares provenientes da ex-guerrilha.
“Há quartéis legalmente formados, ao abrigo da Constituição e das leis militares do país. Não me parece haver condições para quartéis paralelos no país, porque não vejo logística para isso”, argumentou Olímpio Cambona.
Para o vice-chefe do Estado- Maior General das FADM, a posição que hoje ocupa no Exército é testemunho de que os ex-guerrilheiros da RENAMO gozam de igual tratamento no Exército unificado, comparativamente aos seus colegas oriundos do Exército governamental da FRELIMO, partido no poder.
“Entrei nas forças armadas unificadas como majorgeneral, hoje sou tenentegeneral e vice-chefe do Estado- Maior General e em tempo próprio passarei à reserva, seguindo uma carreira militar normal como qualquer outro”, disse Olímpio Cambona.
Segundo o vice-chefe do Estado-Maior General das FADM, que diz ter aderido à antiga guerrilha da RENAMO em 1977, aos 17 anos, a noção de militares da RENAMO e da FRELIMO foi eliminada com a formação das forças armadas unificadas.
“Quando se passa à reserva não se trata de marginalização, é um processo normal da carreira militar”, acrescentou Olímpio Cambona, referindo-se à acusação do líder da RENAMO de que a liderança do Exército militar moçambicano está a desmobilizar compulsivamente militares provenientes da antiga guerrilha.
Afonso Dhlakama disse que a sua proposta de aquartelar desmobilizados se destina a “controlar os antigos guerrilheiros e evitar que eles partam para a guerra, porque descontentes”.
“A comunidade internacional acha pesado quando o Dhlakama diz: Eu vou aquartelar os meus homens para evitar a guerra? Ou mais pesado é aquele que já destruiu o Exército profissional e está a criar um exército para golpear a RENAMO quando formos governo?” – perguntou o líder da RENAMO.
Nos últimos dias, Dhlakama tem, no entanto, suavisado o tom do discurso, afirmando que não está interessado em regressar à guerrilha, mas simplesmente desejoso de dialogar com o Chefe do Estado, Armando Guebuza, para limar algumas arestas do panorama político nacional.
“Já sou velho e não quero mais voltar à guerra. Apenas pretendo um ambiente de paz em que brinco com os meus netos, abrindo um refrigerante para eles beberem e eles uma cerveja para eu tomar”, disse, esta semana, no Niassa, o presidente da RENAMO.