Os níveis de desistência nas escolas da província de Gaza, sul de Moçambique, são preocupantes e as autoridades educacionais estão a busca de solução para o problema. Só no ano passado, 22.357 alunos matriculados nos diversos níveis de ensino naquela província abandonaram as aulas.
Segundo o director provincial de educação e cultura, João Trabuk, as calamidades naturais são a principal causa das desistências pois provocam nomadismo e, por consequência, os alunos abandonam a escola a busca de melhores condições com os seus familiares.
A província de Gaza é uma das mais vulneráveis a diversas calamidades naturais, com destaque para secas e inundações. Estes fenómenos afectam a produção de alimentos e, por causa disso, muitas crianças acompanham seus pais e encarregados de educação na busca de comida, o que implica abandonar os estudos.
Para Trabuk, a situação é mais grave no norte da província que é a região mais afectada pela seca, concretamente nos distritos de Mabalane, Massangena, Chicualacuala e Chigubo.
“As calamidades que afectam a nossa província provocam nomadismo e desistência dos estudos. As pessoas preferem ir procurar comida ao invés de estudar” disse Trabuk.
Outra grande causa de desistências na província de Gaza é a pastagem, um hábito cultural que envolve rapazes. Segundo o director provincial, para reter os alunos na escola foi introduzido o lanche escolar, que pode ser seco ou molhado.
O lanche seco é aquele que o aluno pode levar para casa para o consumo familiar, o qual inclui cereais, enquanto que o molhado é o consumido pelo ano na escola.
O lanche molhado é dado aos alunos da primeira a terceira classe, uma vez que este grupo é composto por crianças, que muitas vezes vão a escola sem terem comido em casa.
O lanche escolar está a ser atribuído com o apoio do Programa Mundial da Alimentação (PMA). As autoridades na província de Gaza estão preocupadas com a sustentabilidade da iniciativa.
De acordo com Trabuk, o ideal seria que a província criasse capacidade própria para atribuir o lanche sem contar com apoio de parceiros.
Aliás, o programa de lanche escolar devia ter terminado no ano passado, mas foi prorrogado para este e não se sabe até quando o mesmo vai ser implementado.
A província de Gaza conta este ano com um efectivo de 378.081 alunos, matriculados em 1.087 escolas e sob orientação de 8.557 professores.