De acordo com dados em nosso poder, António Valentim, membro do conselho consultivo distrital de Mogincual, está a contas com as autoridades da administração de justiça naquela região, acusado de extorquir os mutuários do Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD), vulgo “Sete milhões”, num montante estimado em 57 mil meticais.
Segundo o administrador de Mogincual, Daniel Bento, o visado, que é líder comunitário do primeiro escalão na vila de Liúpo, sede do distrito, prometia aos candidatos aos fundos do FDD criar facilidades dentro do conselho consultivo distrital para aprovação dos seus projectos.
Como contrapartida, António Valentim exigia aos mutuários valores que rondavam entre cinco a dez mil meticais. Entre os mutuários do FDD as vitimas de António Valentim foram no total cinco no presente ano.
Porém outros três candidatos a aceder àqueles fundos não lograram os seus intentos porquanto os respectivos projectos não acolheram consenso no CDD não obstante terem desembolsado valores de comissão a favor de António Valentim.
Depois de os mutuários receberem os respectivos cheques, António Valentim disponibilizou-se a acompanhá-los até à cidade de Nampula onde os valores seriam levantados.
Só que, surpreendetemente, os mutuários viram-se impedidos de sair das instalações do banco por António Valentim sem que lhe entregassem o valor da contrapartida do acordado em Mogincual.
Foi devido a estes episódios que os lesados decidiram denunciar António Valentim ao governo do distrito que, de imediato, abriu um inquérito para apurar a veracidade das acusações.
Segundo Daniel Bento, administrador de Mogincual, os resultados do inquérito confirmam os factos contidos na denúncia que, por seu turno, foi encaminhada aos órgãos de administração da justiça para os devidos procedimentos.
António Valentim desdobrou-se em diligências para que não lhe fosse instaurado qualquer processo na procuradoria distrital de Angoche, uma vez que os órgãos de administração da justiça ainda não estão implantados em Mogincual, tendo, segundo Daniel Bento, prometido ressarcir as vítimas pelos prejuízos por ele causados.
A nossa reportagem soube que são frequentes as práticas como as de António Valentim, envolvendo membros dos conselhos consultivos ao nível dos postos administrativos, mas que nunca foram denunciados às autoridades por falta de informação ou medo de represálias por parte das vítimas.