Um tribunal egípcio condenou à revelia este sábado o ex-ministro das Finanças Youssef Boutros-Ghali a 30 anos de cadeia por explorar e abusar dos ativos estatais e privados, disse uma fonte judicial. Boutros-Ghali, visto no Egito com um rosto público de um governo que se enriqueceu à custa dos mais pobres, deixou o cargo no fim de janeiro e fugiu para o exterior, dias após o surgimento de protestos de massa contra o presidente Hosni Mubarak, que mais tarde foi derrubado.
O ex-ministro também renunciou, no início de fevereiro, como chefe do principal painel de direções políticas do FMI (Fundo Monetário Internacional). A imprensa egípcia informou que Boutros-Ghali está na capital libanesa, Beirute. Muitos investidores e empresários disseram que Boutros-Ghali liderou reformas de livre mercado que ajudaram a aumentar o crescimento econômico do Egito para cerca de 7 por cento ao ano no triênio anterior à crise econômica global de 2008. Pouco após sua nomeação como ministro das Finanças, em 2004, Boutros-Ghali cortou as taxas das importações, reduziu o imposto de renda para 20 por cento e ajudou a reformar o sistema bancário.
O tribunal do Cairo afirmou que Boutros-Ghali tomou para si carros confiscados pela autoridade aduaneira e permitiu que outras pessoas os usassem sem a permissão de seus donos. Ele tomou seis veículos, incluindo três Mercedes e uma BMW, para o seu uso privado, e entregou outros 96 a terceiros, disse o tribunal. Os carros tinham um valor total de 35,8 milhões de libras egípcias (6 milhões de dólares). A corte também entendeu que ele usou o centro de impressão do Ministério das Finanças para produzir uma grande quantidade de material para sua campanha pessoal por um lugar no Parlamento em 2010, informou uma fonte judiciária.
O tribunal sentenciou Boutros-Ghali a 15 anos na prisão com trabalho forçado pelo caso dos veículos e a outros 15 anos pelas impressões. A corte também decidiu que ele terá de devolver 35,8 milhões de libras egípcias referente ao valor dos carros e pagar uma quantia similar como multa, informou a fonte. Em 2008, ele assumiu o Comitê Internacional Monetário e Financeiro do FMI, que consiste de ministros das Finanças e membros dos Bancos Centrais de 24 países e é o principal órgão conselheiro para as nações que fazem parte do Fundo.