Um artista moçambicano residente em Xai-Xai, província meridional de Gaza, diz não fazer mais sentido que o seu país continue a importar rádio simplesmente para ouvir noticiário, quando há capacidade nacional para responder essa necessidade.
Trata-se do jovem Carlos Chavane, que nos últimos 11 anos tem vindo a produzir aparelhos emissores e rádios com base em matéria-prima local combinado com material reciclado de rádios avariados.
“Nós ainda compramos rádio para escutar noticiário, mas já temos capacidade para fazer isso no país”, disse Chavane, falando à AIM durante a gala do Inovador e Desenvolvimento Tecnológico realizada esta Sexta-feira em Maputo.
No local onde decorreu a gala, o sinal da rádio de Chavane era captado até a um raio de um quilómetro e meio, com uma qualidade sonora impossível de imaginar que era proveniente de um objecto basicamente fabricado de arame.
Chavane fabricou o seu primeiro rádio no ano 2000, movido por uma simples curiosidade combinada a sua veia artística. Seis anos mais tarde, ele construiu um emissor. Os dois aparelhos são construídos com base no material local combinado a material reciclado de rádios avariados e circuitos comprados nas lojas.
De 2000 a esta parte, Chavane já fabricou 10 rádios, mas diz precisar de apoio para lançar a sua marca e livrar o país da dependência externa quanto a este produto. Movido pelo avanço tecnológico, nos últimos tempos, o jovem inovador tem também fabricado rádios digitais.
Ele fabrica rádios com formato de computador que tocam com um simples “clic” no mouse. Hoje ele precisa de apenas cinco minutos para fazer um emissor e dois dias para montar um rádio.
Qualidade
Os aparelhos do jovem Chavane são feitos de arame, tendo por conseguinte um aspecto e estética diferentes em relação a todos os outros que são comercializados no mercado moçambicano. Mas Chavane diz que não se pode questionar qualidade do seu produto por ser diferente dos outros.
Ademais: o meu produto é uma arte que resulta principalmente da combinação de arame e material reciclado. Apesar disso, o inovador considera ser possível alcançar altos padrões de qualidade porque existe matéria-prima nacional apropriada para fabricar rádios de qualidade.
“A qualidade de um rádio depende das suas componentes, por isso, numa primeira fase, seria um grande desafio para o país apostar em matéria-prima de qualidade”, disse ele. Apesar disso, todos os seus 10 rádios fabricados desde 2000 foram comprados e estão a funcionar devidamente.
Propagar tecnologia
Outro desafio de Carlos Chavane é formar estudantes moçambicanos para que possam também saber fazer emissores e rádios.
“Quero que as pessoas saibam isso. Pelas minhas pesquisas, fiquei a saber que um emissor pode custar seis mil dólares, valor que podemos poupar quando produzirmos emissores internamente”, disse ele.
Ao nível da sua cidade (Xai-Xai), Chavane trabalha para a Escola Industrial 7 de Setembro, onde lecciona uma disciplina chamada Práticas de Fundamentos Electrónicos, com objectivo principal é permitir que os estudantes saibam identificar as componentes de um rádio e para poderem fabricar esse aparelho.
Igualmente, ele ensina Noções Básicas de Electrónica na Escola Secundária de Xai-Xai e na Escola Secundária Joaquim Chissano, sendo nesta última onde ele próprio está a estudar a 12ª classe no período pós laboral.