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Líbia declara cessar fogo

Líbia declara cessar fogo

O governo da Líbia anunciou esta sexta-feira um cessar-fogo imediato no país, em obediência à resolução do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovada na noite de quinta-feira e que permite o uso de força no país africano para proteger os civis líbios.

Esta declaração unilateral de cessar-fogo do regime foi feita pelo ministro líbio dos Negócios Estrangeiros, Moussa Koussa, em conferência de imprensa, quando a comunidade internacional – mandatada pelo Conselho de Segurança – se preparava para lançar raides aéreos já nas próximas horas sobre as forças do contestado líder líbio Muammar Khadafi, com o propósito de as impedir de continuar a bombardear as cidades “libertadas” pelos manifestantes populares ao longo do último mês.

Entretanto, mais cedo, rebeldes e moradores da cidade de Misrata, o último reduto dos manifestantes no oeste da Líbia, relataram que forças leais ao ditador Khadafi bombardearam a cidade esta sexta usando tanques e artilharia pesada e matando pelo menos quatro pessoas.

Também pela manhã, um dos filho do ditador Saif al-Islam Kadafi afirmou que o Exército líbio cercará mas não entrará na cidade de Benghazi e forças antiterroristas serão enviadas para desarmar os combatentes rebeldes que controlam a cidade-símbolo da resistência, de acordo com informações da rede de televisão “Al-Jazeera”.

Testemunhas relataram à “Reuters” os ataques em Misrata: – Eles estão a bombardear tudo, casas, mesquitas e até ambulâncias – disse por telefone à agência Reuters um porta-voz dos manifestantes.

Outro insurgente, Saadoun, disse que as forças do governo estavam a atacar desde as 7h locais: – Este é o bombardeio mais pesado que já vi em muito tempo – ele disse. O som de armas pesadas podia ser ouvido ao fundo na ligação.

O canal de TV “Al Arabiya” disse que quatro pessoas foram mortas e 70 ficaram feridas no ataque, que começou horas depois que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução instituindo uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia e ataques militares contra as forças que apoiam Kadafi para proteger os civis.

As informações da imprensa não podiam ser confirmadas porque os jornalistas foram instruídos a não viajar à cidade, que tem 300 mil habitantes e está a 200 quilômetros a leste da capital Trípoli.

“Acreditamos que eles querem entrar na cidade a qualquer custo antes que a comunidade internacional comece a implementar a resolução da ONU. Em nome de todos os moradores de Misrata, mulheres, crianças e idosos, pedimos que a comunidade internacional faça alguma coisa antes que seja tarde demais. Eles devem agir agora, já falharam conosco antes, demorando em tomar uma decisão. Não devem repetir o mesmo erro” disse Saadoun.

Outro manifestante, que se identificou apenas como Mohammed disse que tanques das tropas oficiais estavam avançando em direção ao centro da cidade, e os rebeldes estavam tentando impedí-los “Todo o povo de Misrata está tentando desesperadamente defender a cidade.”

A “Al Arabiya” disse que diversas mesquitas, escolas e prédios residenciais foram danificados no ataque à cidade. Misrata está sob a mira das forças de Kadafi há dias. O fornecimento de água foi cortado, ocorrem constantes cortes de energia e a comunicação está difícil os moradores disseram à “Reuters” no início da semana. “Falei com um médico de Misrata esta manhã, e há fortes bombardeios lá, explosões dentro da cidade” disse Tariq, um médico da cidade que agora vive na Inglaterra. Ele disse que falou por telefone com colegas e familiares que estão no local esta manhã. “Eles não podem enviar ambulâncias. Eles acham que os disparos são de armas, tanques e bombas, mas não de ataques aéreos. É muito preocupante” completou o médico.

Kadafi ou qualquer representante seu emitiu qualquer comentário sobre os ataques. Falando em Trípoli na quinta-feira, um porta-voz disse que a operação militar em Misrata deveria terminar na manhã de sexta-feira. Houve também mais rumores de confrontos mais a oeste, próximo à fronteira com a Tunísia. Rebeldes na cidade de Nalut disseram que atacaram forças oficiais perto da fronteira nesta manhã, matando quatro soldados. Um manifestante também teria morrido no confronto.

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