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Moringa poderá ser adoptado para reduzir custos na produção de frangos

Os criadores de frangos em Moçambique já podem sonhar com bons tempos para o seu negócio, graças a uma investigação feita no país, que permite a substituição das rações industrialmente produzidas, muitas vezes importadas a preço de ouro, por outras rações mais baratas e de produção caseira que, para além dos tradicionais ingredientes tais como milho, soja, bagaço de algodão, também têm a particularidade de incluir uma massa feita com base em folhas secas de moringa.

A moringa é uma árvore muito abundante no país. Aliás, a moringa já é considerada como uma planta mágica pelo facto de ser usada para o tratamento de um número incontável de doenças.

Refira-se que as folhas da moringa são boa fonte de fósforo, cálcio, ferro e vitamina C, e também contêm cerca de 27 por cento de proteínas.

Dados revelados terça-feira durante o programa da Rádio Moçambique “Café da Manhã” pelo Dr. Zacarias Massango, um investigador do Instituto de Investigação Agronómica de Moçambique (IIAM), uma instituição ligada ao Ministério moçambicano da Agricultura, o recurso a esta ração alternativa para os criadores de frango do país poderão poupar pelo menos 15 por cento nos custos de aquisição de rações produzidas industrialmente, cuja maioria é importada da vizinha Swazilândia e Africa do Sul.

A moringa tem a vantagem de ser produzida localmente pelos próprios criadores, sendo uma opção económica viável para a substituição de outros ingredientes mais caros tais como a farinha de carne ou de peixe usados na ração importada.

Massango destacou que os resultados são muito promissores, porque tanto os frangos que são alimentados pela ração industrial, cuja produção é baseada na farinha de peixe, de carne e bagaço de soja, bem como os que são alimentandos pela ração alternativa feita à base dos quatro ingredientes de produção local já referidos, apresentam o mesmo peso de 1.800 gramas após 35 dias, período considerado normal para o seu abate e comercialização.

Para o efeito foi realizada uma experiência piloto no distrito de Magude, província de Maputo, cujos resultados indicam que a ração caseira a base de moringa é de igual qualidade a produzida industrialmente.

Enquanto isso, decorrem os preparativos para a realização de uma experiência idêntica num distrito da província central de Manica, e uma outra experiência em Ulongué, na província de Tete.

Actualmente, a produção de frango em Moçambique ainda está muito longe de satisfazer a demanda, dado que o país conta agora com pouco mais de 21 milhões de habitantes, mesmo considerando que mais de 60 da população é pobre e desprovida de recursos financeiros para consumir carne de frango regularmente.

Massango revelou dados que têm estado a ser disseminados no país pelo Projecto CountryStat, uma organização que está a trabalhar na uniformização dos sistemas estatísticos de vários países.

Os mesmos indicam que por cada 100 frangos vendidos os criadores ganham um lucro de dois mil meticais (um dólar equivale a cerca de 31,5 meticais).

Contudo, se adoptarem a ração alternativa, o seu lucro poderá incrementar em mais 15 por cento. Ele revelou que o uso da ração industrial representa actualmente cerca de 75 por cento de todo custo agregado da produção de frangos, razão pela qual a sua instituição esta à busca de rações alternativas.

O investigador moçambicano explicou que se optou pela inclusão da massa da moringa porque a mesma contém substancias químicas que contribuem para o crescimento dos frangos.

Dados estatísticos contidos no site do CountryStat, um projecto da FAO no qual Moçambique é um dos países beneficiários através do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), indicam que a produção doméstica de frangos apenas satisfaz cerca de 57 por cento das necessidades dos consumidores moçambicanos.

“Os níveis actuais de produção não justificam o banimento das importações”, disse Massango, justificando a necessidade de os grandes importadores tais como a A&L Enterprises, Delta Trading, Procongel, Moçambique Terra Mar, Africom, Marin Trading e vários outros continuarem a importar frangos.

A fonte reconheceu que apesar da produção nacional estar em franco desenvolvimento, ainda não satisfaz as necessidades de consumo local, tendo exemplificado que de Janeiro a Março de 2010, foram produzidos apenas 4.050 frangos, quando a demanda actual está calculada em 8.100 frangos.

Como forma de se incentivar a produção nacional do frango, as importações estão sujeitas a taxas aduaneiras de 20 por cento, que incidem sobre o preço agravado com os 17 por cento do IVA.

Mesmo assim, há momentos em que os preços de venda ao público são ligeiramente baixos comparados com os da produção interna, uma situação que poderá ter como explicação as políticas de subsídios aplicadas em alguns dos países donde os frangos são importados.

Novos investimentos na carteira Os operadores do sector avícola moçambicano estão a fazer grandes investimentos visando superar ou pelo menos reduzir este défice e criar condições para exportar este produto para os países vizinhos.

Salientou que até finais do próximo ano, o país poderá deixar de importar o frango, com a abertura de mais incubadoras e matadouros e a entrada de novos produtores no mercado.

Referiu que, para o efeito, estão sendo investidos mais de 10 milhões de dólares por diferentes empresários nacionais e estrangeiros. Um dos resultados desses investimentos, segundo a fonte, é o crescimento da produção nacional na ordem de 15 por cento, durante o primeiro semestre de 2009, com a produção a atingir 21.770 toneladas.

Nos seis meses seguintes, a produção foi de cerca de 27.400 toneladas de carne de frango, o equivalente a 17.125 mil unidades, tendo depois aumentado para mais 49 mil toneladas de carne de frango ate finais do mesmo ano.

Espera-se que com a nova ração caseira, a produção de frangos no país poderá conhecer um grande incremento, o que poderá também concorrer para a redução dos preços de venda, e varia de 120 a 240 meticais, vivo ou confeccionado.

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