O líder líbio Muammar Kadhafi apelou aos seus apoiantes que saíssem às ruas e atacassem o que chamou de “baratas” que desafiam a sua autoridade. Na sua segunda mensagem televisiva em 24 horas, o Coronel Kadhafi advertiu ainda que qualquer pessoa que usasse armas contra a Líbia seria executada, e que pretendia desinfectar a Líbia, casa a casa, se necessário: “Eu, Muammar Kadhafi, sou um líder internacional e milhões de pessoas defendem-me. Quero estender a minha chamada aos milhões do Sahara e juntos iremos marchar, eu e esses milhões para desinfectar a Líbia, milímetro a milímetro, casa a casa, residência a residência, pessoa a pessoa, até que o país esteja limpo de sujidade e porcaria.”
O coronel acrescentou ainda que nunca deixaria o seu país e que morreria como mártir. “Cobardes e traidores” Segundo ele haverá “cobardes e traidores” que tentam pintar a Líbia como um local de caos, enquanto que os inimigos da Líbia tentam manchar a reputação do país.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas, reunido em Nova Iorque durante a noite condenou o uso da força na Líbia e exigiu o fim dos ataques contra civis. Foi pedido ainda o levantamento das restrições à comunicação social e o respeito pela liberdade de expressão e do direito dos manifestantes ao protesto. Os Estados Unidos, pela voz da secretária de estado Hillary Clinton dizem estar alarmados com a situação actual.
Suspensão da Liga Árabe
Entretanto a Liga Árabe, reunida de emergência na capital egípcia, Cairo, anunciou a suspensão da Líbia da organização até que as exigências do povo líbio sejam satisfeitas: “Pedimos o fim imediato de todas as formas de violência. Apelamos ao início de um diálogo nacional para responder às exigências do povo líbio, respeitando o seu direito ao protesto e à expressão das suas opiniões de uma forma pacífica. Com isto procuramos poupar vidas, garantir a unidade dos territórios líbios e a paz entre os seus cidadãos”, disse Amr Moussa, o secretário-geral da Liga Árabe, que fez um minuto de silêncio pelas vítimas dos protestos anti-governo na Líbia.
Antes do discurso da noite passada, a televisão estatal da Líbia tinha noticiado que o Coronel Kadhafi se preparava para anunciar “reformas profundas”, promessa que não passou de uma breve referência à entrega de mais responsabilidades ao poder local.
Álcool e drogas
Kadhafi insistiu que os manifestantes representavam menos de um por cento da população da Líbia e que a eles teriam sido dadas bebidas alcoólicas e drogas, apelando à população que os entregassem às autoridades. O lider líbio disse ainda que não tinha autorizado o exército a usar a força, apesar da oposição afirmar que neste momento já terão morrido mais de 500 pessoas enquanto que mais de um milhar poderão estar desaparecidas.
Apesar da proibição imposta ao trabalho dos jornalistas estrangeiros, testemunhas oculares falam de ataques contra civis por parte de mercenários de outros países e do uso de aviões de guerra. População feliz Um repórter da BBC no leste da Líbia, Jon Leyne, diz que a região aparenta estar agora totalmente sob o controlo da oposição e que a população se encontra delirante de felicidade.
Grande parte do exército e da polícia terão desertado e foram aceites pela oposição. Milhares de cidadãos estrangeiros continuam a deixar a Líbia em fuga da instabilidade violência. O correspondente da BBC na região diz restarem poucas dúvidas quanto ao fim do regime de Kadhafi, e que não se trata mais de saber se o coronel vai ou não ser afastado do poder, mas quando é que tal vai acontecer e de quanto sangue poderá ainda vir a ser derramado.