O s desmobilizados da RENAMO, ex-movimento armado em Moçambique, recusam-se a aderir à campanha de recenseamento geral dos combatentes da defesa da independência, soberania, integridade territorial e democracia, promovida pelo governo, no âmbito da reconciliação nacional.
Sem revelar as verdadeiras causas que estarão por detrás da recusa, alguns dos desmobilizados disseram, entretanto, à nossa reportagem, esta quinta-feira, não terem sido autorizados pelos seus dirigentes.
Em Moçambique, o recenseamento geral dos desmobilizados e ex-deficentes militares decorre desde Abril do ano passado, logo depois da Conferência Nacional dos Combatentes, realizada na cidade da Beira, província central de Sofala.
Em Nampula, uma das mais populosas e extensas províncias do país, com um universo de cerca de quatro milhões habitantes, distribuidos em 21 distritos, o censo abrangeu, até Dezembro passado, um total de 7.128 desmobilizados de guerra.
De acordo com José Manuel Graminho, director provincial dos Combatentes, desde que o processo arrancou nenhum ex-guerrilheiro da Renamo se apresentou às autoridades de qualquer posto administrativo ou distrito para se inscrever, embora a campanha tenha sido antecedida de várias palestras e acções de mobilização em todo o território nacional.
Entretanto, António Nihórua, chefe provincial de Mobilização, disse que o seu partido não foi oficialmente notificado em relação à campanha, sublinhando que a Renamo não sabe nada desse recenseamento.
Segundo fontes governamentais, pretende-se, com esta campanha, conhecer o número real e a localização geográfica daqueles que, directa ou indirectamente, contribuíram para a consolidação da Paz e da Democracia no país.
À luz deste programa, o governo deverá submeter, em breve, à Assembleia da Repùblica a proposta de revisão da Lei nº 3/2002, de 17 de Janeiro e respectivo Regulamento, dois instrumentos em que se irá reger o estatuto do combatente em Moçambique.