As autoridades da província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, encontraram 126 pontas de marfim num dos contentores apreendidos no Porto de Pemba, há dias, na sequência de transporte ilegal de 161 contentores de madeira em toros.
Essas pontas de marfim equivalem a 63 elefantes que foram abatidos de forma ilegal e se encontravam no contentor número PRSU215078/1 da Miti, Lda, uma empresa que opera na área de exploração madeireira.
Além das pontas de marfim, as autoridades encontram uma ponta de rinoceronte, animal em extinção no país, carapuças de pangolins, peças de arte fabricadas com base no marfim e excrementos de elefantes que também estavam prestes a serem exportados de forma ilegal.
O contentor foi aberto esta Sexta-feira perante as autoridades da Defesa e Segurança, Portuárias e da Agricultura para testemunhar a retirada destas quantidades de recursos naturais, ao lado de madeira em toros, cuja exportação também é proibida.
Segundo apurou o jornal “Notícias”, as peças de marfim encontradas naquele contentor (que de início se estimava em apenas 20) teriam sido introduzidas pela empresa chinesa Tienhe, Lda que é parceira da Miti, Lda.
O director da Miti, Lda, Zaide Abubacar, disse que estas peças haviam sido introduzidas no contentor à sua revelia, mas confirmou a sua intenção de violar a lei no que respeita a exportação de madeira em toros.
“Fomos traídos pelos nossos parceiros” disse Abubacar, distanciandose da infracção, acrescentando haver um cidadão chinês de nome Qiuhua Yan, da Tienhe, Lda, que confessa ser ele quem introduziu as pontas de marfim nos contentores.
Abubacar explicou que a sua empresa, quando negocia a venda de madeira (em toros ou processada) com os seus clientes, esta assume a responsabilidade de exportar para o destino que melhor lhes convier a coberto dos seus documentos.
“Na verdade essa madeira foi vendida como tal à empresa chinesa Tienhe, Lda, que juntamente com alguns dos nossos trabalhadores procederam ao seu empacotamento, no nosso parque.
Mas os dois últimos contentores foram, depois de selados, trabalho que terminou pelas 18:30 horas do dia 7 de Janeiro corrente, e isso estamos a saber agora, levados à revelia para o parque daquela empresa, já na calada da noite onde foram violados e introduzidas as peças de marfim, segundo confissão do autor, com o conhecimento do gerente chinês, de nome Chung”, disse ele.
Refira-se que no manifesto da carga da Miti, Lda, consta o registo de 114 toros de madeira, mas o contentor trazia 59 assistidos e declarados, o que pode significar que 55 foram retirados numa outra oportunidade para dar lugar as pontas de marfim, para além de constar um toro duma espécie de madeira não declarada, a Umbila.
Por outro lado, todas as peças de marfim e outros produtos derivados de animais proibidos por lei e em extinção, trazem etiquetas com nomes dos seus destinatários, em língua chinesa.
Essas fraudes foram detectadas depois da retenção do navio Kota Mawar”, que se encontra no Porto de Pemba em conexão com a exportação ilegal de madeira em toros.
Contudo, numa operação paralela, suscitada pela denúncia de que este navio transportava 161 contentores de madeira em toros, foram descobertos, Quarta-feira última, 29 contentores, alguns dos quais com marfim.
Os contentores encontrados no parque do Porto de Pemba estão entre muitos que esperam embarque nos próximos dias e a descoberta desta nova irregularidade aumenta o receio de que, de facto, se está em presença de uma operação de dimensões ainda bem maiores.