O trabalho das equipes de resgate na região serrana do Rio de Janeiro foi dificultado na manhã desta sexta-feira, à medida que as chuvas continuavam a cair na região desde a madrugada ameaçando agravar ainda mais a tragédia que já deixou pelo menos 529 mortos. Além disso, a previsão do tempo para o fim de semana na região indicava probabilidade de 90 por cento de chuva e algumas áreas onde ocorreram deslizamentos e soterramentos seguiam inacessíveis para as equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil.
Nova Friburgo era a cidade mais afetada pela tragédia, com 246 mortos, seguida por Teresópolis, com 223, Petrópolis com 41 e Sumidouro com 19, segundo informações de autoridades locais e da Defesa Civil. Esses números devem aumentar conforme os resgates continuam.
“A chuva não parou de madrugada e agora de manhã também chove e para, o que dificulta o trabalho de resgate. Ainda temos muitos locais inacessíveis e muita gente soterrada”, disse o tenente Rubens Halfeld Plácido, do Corpo de Bombeiros em Nova Friburgo. “O número de mortes ainda vai aumentar muita coisa. Há gente soterrada em todos os lugares, há muito barro, água e lama. Aqui em Nova Friburgo pouquíssimos bairros não foram atingidos”, acrescentou.
Em Teresópolis, o policiamento foi reforçado após o registro de saques contra o comércio da cidade. Em Nova Friburgo, a população pegava alimentos contaminados pela chuva e descartados por supermercados e mercearias. A falta de vagas em cemitérios começava a preocupar as autoridades e, em Teresópolis, uma igreja era usada para armazenar cadáveres após a capacidade do Instituto Médico Legal local ser esgotada.
APELO
Na quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff sobrevoou a região afetada e visitou Nova Friburgo. Ela classificou o momento de “muito dramático”. “As cenas são muito fortes, é visível o sofrimento das pessoas e o risco é muito grande”, disse Dilma, em entrevista coletiva. O governo federal se comprometeu em libertar 780 milhões de dólares para as cidades afetadas, além do envio de medicamentos, de helicópteros das Forças Armadas e de homens da Força Nacional de Segurança Pública.
Esta sexta-feira, um hospital de campanha da Marinha deve começar a operar em Nova Friburgo. Um hospital do mesmo tipo já operava em Teresópolis na quinta-feira para atender os feridos. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que acompanhou Dilma na quinta-feira, fez um apelo para que a população abandone as áreas de risco. “Temos outras cidades com problemas e a previsão pluviométrica não é tranquilizadora”, alertou. “Há áreas ainda onde há risco de desabamento e de queda de barreiras.”
De acordo com o Corpo de Bombeiros, choveu entre terça e quarta-feira na região serrana do Rio o equivalente ao previsto para um mês inteiro.