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Adeus ao pintor mor

Adeus ao pintor mor

Malangatana Valente Ngwenya, o maior artista plástico moçambicano, faleceu esta madrugada (dia 5) às 05,30 – hora de Moçambique – no hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, Portugal, onde dera entrada horas antes após se ter sentido mal em casa da filha, na cidade do Porto. Contava 74 anos. De acordo com informação da agência Lusa, o pintor moçambicano irá ser homenageado em Portugal, seguindo depois o corpo para Moçambique, onde o funeral terá lugar em Matalana, sua terra natal, no distrito de Marracuene.

 

 

Refira-se que Malangatana encontrava-se em Portugal há algumas semanas para preparar uma exposição em conjunto com o arquitecto moçambicano José Forjaz. Malangatana Valente Ngwenya nasceu em Matalana, distrito de Marracuene, a 6 de Junho de 1936.

Antes de ser artista multifacetado, foi pastor, empregado doméstico e curandeiro. Estudou até à 3ª classe e começou a trabalhar como apanha bolas de ténis no Grémio Clube de Lourenço Marques. Foi descoberto para as artes pelo artista e biólogo Augusto Cabral, tendo, pouco depois, tido como seu grande patrono o arquitecto Pancho Miranda Guedes.

Malangatana disse que nasceu para a pintura quando viu Augusto Cabral executar um mural durante a noite insistindo para que este o ensinasse a pintar. Cabral ofereceu-lhe as tintas, Pancho Guedes cedeu um espaço na garagem e comprou-lhe os dois primeiros quadros.

Malangatana distinguiu-se ainda na cerâmica, gravura, desenho, tapeçaria, escultura e integrou elementos da terra como conchas, areia, pedras e raízes nos seus trabalhos. Dedicava-se a causas e gostava de pessoas. A sua faceta de dinamizador cultural em Matalana, de músico, cantor de ópera, de organizador de festivais, é sem dúvida menos conhecida.

Malangatana fez ainda uma incursão pela política, tendo sido deputado pelo partido Frelimo, vereador da área cultural no Conselho Municipal de Maputo e membro do Conselho de Estado. No tempo colonial, acusado de pertencer à Frelimo, esteve preso cerca de ano e meio. Nas suas telas denunciou a opressão colonial, a guerra civil mas soube mais tarde transformá-las em vontade de paz naquela pintura mais leve e livre exposta nos últimos anos de carreira.

Expôs em vários países do mundo e foi premiado por diversas vezes. Foi ainda nomeado artista da paz pela UNESCO e celebrado por poetas e homens de cultura de todo o mundo. Recebeu doutoramento Honoris Causa pelas universidades ‘A Politécnica’ e de ‘Évora’ em Portugal.

As suas palavras fazem eco na nossa memória: eu criei o mundo na minha pintura.

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