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Ao Carlos, dez anos depois

Faz, na próxima segunda-feira, dia 22 de Novembro, dez anos que o país deu um tiro na sorte, na sorte de te ter como fi lho. Sim, porque não é todos os dias que, nesta terra, nascem fi lhos tão ilustres como tu. Gente como tu, da tua estirpe e com a tua coluna vertebral, só nasce quando o rei faz anos e parece que, ultimamente, o rei deixou de fazer anos. E nós, moçambicanos, demo-nos ao luxo de te desperdiçarmos assim como se tivéssemos Carlos Cardosos todos os dias.

Nesta edição, ao recordar-te, parece que estamos a fazer publicidade deste jornal, ou não fosse Verdade a palavra mais cara para ti, tal como nos disse o teu irmão caçula Nuno na entrevista que nos concedeu neste número. Que causa mais nobre há do que morrer por querer levar a Verdade ao povo? Quantas palavras tu desalgemaste no teu contínuo ofício da Verdade? Milhares, certamente.

Hoje, infelizmente neste país, ofi ciais do teu ofício, que procuram constantemente a Verdade, estão em vias de extinção, pois é bem mais fácil, mais cómodo e sobretudo mais confortável ser amigo da mentira, da falsidade, da hipocrisia, do interesseirismo. A Verdade, de tão dura e crua, de tão dolorosa e impiedosa só nos traz arrelias, problemas, incompatibilidades e inimigos, que, como no teu caso, até podem ser mortais.

Dez anos depois, os que pressionaram o gatilho que pôs termo à tua vida já estão presos. Os que arquitectaram o teu desaparecimento, como se diz aqui, ainda. Bem há pouco tempo, com a morte de Cândida Cossa, encerrou-se o chamado “Processo Autónomo”. Há quem diga que tal se fi cou a dever ao teu espírito ndau, sufi cientemente forte para atrair os que te levaram.

Cá em baixo, como tu gostavas de dizer, a Luta Continua, por isso nós cá estamos para te homenagear quando andamos em busca da Verdade libertando as palavras das algemas pífi as da mentira.

Pelo teu exemplo só me resta dizer: Kanimambo Carlos.

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