A globalização, que tem sido combatida em manifestações por todo o mundo e pelos mais variados meios, desde a resistência pacífi ca à moda de Gandhi, passando por pedras e paus, até perigosos cocktails molotov, no caso de Sakineh Mohammadi Ashtiani, a iraniana que estava condenada à morte por delapidação – a execução da sentença era para ter sido esta quartafeira -, para já, salvou-lhe a vida.
Os protestos internacionais que ecoaram por todo o mundo através dos órgãos de comunicação social e das novas tecnologias impediram que Sakineh sofresse a pena de morte mais atroz de todas: a delapidação.
Sim porque hoje, em pleno século XXI, ainda há regimes que acham normal enterrar uma mulher numa cova com terra até ao pescoço e jorrar sobre ela uma catrefada de pedras pontiagudas com o objectivo de lhe causar a morte só porque cometeu adultério.
Para já a mobilização global, da América do Norte, passando pela Europa e pela África até ao Oriente, adiou a condenação à pena capital. Agora fala-se em enforcamento, o que, refi rase, apesar de ser ainda hediondo – a condenação à morte é sempre um acto horrível e inqualifi cável – é bem menos bárbaro, menos animalesco, menos selvagem e menos primitivo do que a delapidação.
Actualmente, os regimes retrógrados e medievos, como o iraniano, o saudita, o sudanês ou o dos talibãs que governou o Afeganistão na segunda metade da década de noventa, têm na globalização e nas novas tecnologias o seu grande inimigo.
Pode-se barrar o acesso a certos canais televisivos e a frequências de uma rádio mais incómoda, mas o acesso à internet e a tudo o que lhe está associado desde os órgãos de comunicação social até às redes sociais do Facebook e do Twitter é que já é bem mais complicado, como ficou patente na Revolução Verde do Irão no ano passado na sequência das eleições presidenciais em que a vitória do presidente Mahmoud Ahmadinejad foi altamente contestada nas ruas.