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Lixo industrial ainda sem tratamento adequado

A maioria das indústrias existentes em Moçambique ainda não usa o Aterro Industrial de Mavoco, o único empreendimento do país vocacionado ao tratamento e depósito de lixo industrial.

Segundo uma fonte ligada a empresa gestora deste empreendimento localizado no distrito de Boane, província de Maputo, Sul de Moçambique, actualmente, apenas metade da capacidade do projecto está em exploração.

“Em termos de volume disponível, temos ainda 50 por cento. Tínhamos cinco anos de exploração da primeira fase, mas até agora estamos nessa etapa desde o início do projecto”, disse o director executivo da EnviroServ Waste Managment, Daniel Fumo, empresa de capitais sul-africanos que explora este empreendimento.

Com uma capacidade total de 70 mil toneladas, o Aterro Industrial de Mavoco começou a funcionar em Março de 2005, com o objectivo principal de cuidar resíduos industriais perigosos a saúde pública e ao meio ambiente.

O Aterro de Mavoco recebe e trata resíduos sólidos, lâmpadas fluorescentes com mercúrio bem como materiais contaminados de óleo, flúor, entre outros químicos.

Por outro lado, apesar de não tratar lixo geral e hospitalar bem como resíduos radioactivos e explosivos, este local recebe excepcionalmente alguns destes materiais, exportando-os posteriormente para serem tratados em alguns países com meios para esse efeito.

Contudo, apesar destas oportunidades, as indústrias moçambicanas não utilizam esse aterro e, provavelmente, nem sequer tratam os seus resíduos ou se o fazem não observam as medidas de protecção de saúde de pessoas e do meio ambiente.

Informações prestadas recentemente por Daniel Fumo, durante uma visita de jornalistas ambientais àquele aterro industrial, indicam que apenas perto de uma dúzia de empresas existentes em Moçambique canaliza os seus resíduos para este local.

Essa pequena lista inclui algumas indústrias de Maputo, gasolineiras bem como alguns mega-projectos, sendo a MOZAL, a fábrica de fundição de alumínio, o maior contribuinte com resíduos sólidos canalizados para este aterro todos os dias. Estas empresas são responsáveis pelo depósito de uma média mensal de 350 toneladas de resíduos industriais, maioria dos quais provenientes da MOZAL.

“Ainda há uma boa capacidade por explorar. Estamos a operar há cinco anos, mas ainda há uma grande capacidade de tratar resíduos”, explicou Fumo.

A fraca adesão da indústria nacional a esses serviços pode resultar do facto deste ser o único aterro existente no país ou então por causa das altas tarifas praticadas pelo operador.

O primeiro caso é válido na medida em que é, por exemplo, insustentável para uma indústria do Norte de Moçambique, há mais de dois mil quilómetros de estrada, utilizar este aterro localizado no Sul do país.

No que respeita as tarifas, refere-se que o Aterro Industrial de Mavoco está agora a cobrar 195 dólares por cada tonelada de resíduos industriais depositados naquele local, valor que supera de longe os 50 dólares cobrados na vizinha Africa do Sul pelos mesmos serviços.

Provavelmente, as altas tarifas podem também ser um factor que desencoraja as indústrias a usarem este empreendimento, tido como importante para a preservação da saúde pública e do meio ambiente.

Com excepção destes constrangimentos, o Aterro Industrial de Mavoco ainda está a operar dentro dos padrões ambientais e de saúde aceites pelo Governo e, até agora, ainda não provocou nenhum incidente envolvendo os trabalhadores do aterro.

Segundo Daniel Fumo, os actuais níveis de poluição ainda não são preocupantes, uma vez estarem abaixo dos padrões estabelecidos tanto pelo Governo moçambicano como pela vizinha Africa do Sul, país de origem da empresa operadora do Aterro de Mavoco.

Ao chegar no Aterro de Mavoco, os resíduos industriais passam por uma báscula para a pesagem e depois são transportados para um local de espera ou preparação para posteriormente serem tratados em poços designados células.

Depois de tratamento, esse material vai para lagoas lixiviadas, onde é depois evaporado de forma forçada para evitar o seu derrame.

Para provar que os níveis de poluição ainda não são alarmantes, Fumo apontou como exemplo, o facto de até haver vegetação dentro da lagoa, “o que mostra que a água não está contaminada”.

“Estamos a contaminar, mas estamos a tentar contaminar menos a atmosfera”, explicou ele.

Além disso, para evitar maus odores nas comunidades circunvizinhas, o Aterro Industrial usa algumas técnicas básicas, incluindo a de colocação de revestimento de solos frescos por cima dos resíduos industriais.

Mas também há uma táctica muito simples de monitorar odores: esperar pela reclamação das comunidades, o que até agora, ainda não aconteceu.

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