Comercio informal
Nos últimos tempos, um pouco por toda a Baixa de Maputo, as cozinheiras de rua, por 25 ou 30 meticais, vão enchendo a barriga de quem passa. Os que vendem asseguram que a comida confeccionada não constitui perigo para a saúde pública. O mesmo não pensam os consumidores. Enquanto isso, as autoridades municipais esperam que seja aprovado um lugar específico para este tipo de negócio.
O comércio informal pulula um pouco por toda a cidade de Maputo. Passeando pela baixa, debaixo do sol do meio-dia, apercebemo-nos de uma panóplia de cheiros, movimentos, pessoas, vozes. Tudo normal, numa sinestesia típica de baixa duma capital africana. Cada vez sobressai mais o crescimento exponencial dos vendedores ambulantes. Aliás, tudo o que se vende nas lojas daquele local, também se transacciona nos passeios. Faz-se de tudo um pouco. A Baixa é, por assim dizer, a babilónia comercial da cidade de pedra. Mas, nesta promiscuidade íntima da Baixa, o que chama a atenção é um novo meio de sobrevivência que algumas mulheres encontraram para fugir das maleitas infligidas pelas sevícias diárias.
Flora Rafael, é uma delas, 50 e poucos anos nos ombros, corpo avantajado, chefe de família e mãe de seis filhos em idade escolar. Flora é na verdade um restaurante. De segunda a sexta aloja-se nas bordas da estrada com duas panelas, carril e arroz, confeccionados na sua cozinha improvisada. Alimenta pelo menos 15 bocas que, sem outra alternativa, matam a fome ao ar livre. Uma delas é Fernando Chicuambe. Este, afirma que consome aquela comida porque não tem outra alternativa. “Noutros sítios a comida é muito cara e aqui um prato custa 25 a 30meticais”, referiu. Contudo ressalva que “é um massacre partilhar o almoço com as moscas e o mau cheiro.” Flora, que vende e confecciona as suas refeições na Avenida dos Mártires de Inhaminga, na paragem de “chapas” do Anjo Voador, um local com enorme “movimento de trabalhadores” não partilha a opinião de Fernando. “Fazemos tudo para garantir as mínimas condições de higiene. É também trabalho do Governo limpar as ruas”. Flora refere ainda que a falta de emprego empurra as pessoas para aquele mecanismo informal. Contudo, ressalva que dá para viver: “Até dá para guardar dinheiro no banco”. Os preços no passeio não sofrem oscilações abruptas. Por exemplo, um prato de arroz e feijão custa 25 meticais. Outro de arroz e guisado de vaca, situa-se nos 30 meticais. Os preços naquele local são os únicos que não sofrem reajustes com as oscilações constantes do valor do petróleo. Ali a conjuntura internacional não galga terreno, basta dizer que o preço praticado é o mesmo de há dois anos.
Segundo, um elemento do Departamento de Relações Públicas da Polícia Municipal da Cidade de Maputo, o objectivo passa por “criar espaços pré-definidos onde o negócio possa ser feito de forma que respeite os direitos do consumidor”. Contudo, recusou- se avançar datas para que isso se concretize. No que diz respeito a medidas imediatas, Enoque Paulo Sefrão, garantiu que as autoridades municipais “têm feito, sistematicamente, uma remoção coerciva dos produtos comercializados na via pública, principalmente no que diz respeito às vendedoras de comida. Sefrão afiançou que as comidas apreendidas, depois de levadas para o Centro de Higiene para Testagem e Exames Médicos, são deitadas na lixeira.