A faixa preta no braço direito dos jogadores da Itália era um sinal da luto pela morte este domingo do ex-jogador Roberto Rosato, campeão da Eurocopa de 68 e vice mundial em 70. Mas bem que poderia representar também um protesto pelo futebol sofrível apresentado pela atual campeã no Mundial da África do Sul. Em nova atuação decepcionante, a Azzurra não passou de um empate por 1 a 1 com a fraca Nova Zelândia, em Nelspriut, na segunda jornada do Grupo F.
Prejudicada pela arbitragem, a Azzurra ficou em desvantagem com um golo em fora de jogo de Smeltz, logo aos sete minutos. Entretanto, não fez nos 83 minutos seguintes nada que justificasse algo além da igualdade conquistada através de pênalti duvidoso convertido por Iaquinta, ainda na primeira etapa. Com o resultado, os italianos continuam na luta pelo apuramento aos oitavos, têm dois pontos e dividem a vice-liderança do Grupo F com os próprios neozelandeses, donos de campanha idêntica (dois jogos, dois empates, dois golos a favor e dois golos contra).
Com muitas faltas e passes sem direção, a partida com a Nova Zelândia melhor, tendo oportunidade de usar a única jogada em que costuma levar perigo: a bola parada. Aos três, em cruzamento pela direita, a defesa italiana foi eficiente e afastou o perigo. Quatro minutos depois, Elliot marcou uma falta pela esquerda, Reid desviou de cabeça no meio do caminho e contou com um atrapalhado Cannavaro para encontrar Smeltz, no segundo poste. O atacante estava em fora de jogo, mas, como o árbitro não marcou, e rematou por baixo de Marchetti para abrir o placar.
A primeira boa chance da Itália surgiu aos 16 minutos, um lancamento longo encontrou Chiellini com liberdade na pequena área, o defesa rematou torto. A esta altura, a posse de bola dos europeus já superava os 65%. No entanto, um número neozelandês impressionava ainda mais: eram oito defensores dentro da área bloqueando as ações adversárias.
Mais ofensivo do que de costume, Zambrotta confiou na jabulani e assustou em remate de longe aos 21 minutos. Montolivo fez uso da mesma arma cinco minutos depois e acertou a trave. De tanto pressionar, a Itália aproximava-se da baliza e ganhou uma chance de ouro de presente aos 28 minutos. Criscito fez cruzamento sem direção, mas Smith puxou a camisa de Rossi no meio da área. Pênalti duvidoso. Iaquinta cumpriu sua obrigação, deslocou o guarda-rede e empatou.
O golo tranquilizou os italianos, mas não alterou em nada a postura da Nova Zelândia, que manteve-se estática na defesa. Sem criatividade, a Azzurra seguia com apenas duas opções: bolas aéreas e remates de longe. E foi justamente de fora da área que De Rossi quase conseguiu a reviravolta, aos 45 minutos. Paston fez boa defesa e garantiu um improvável empate nos 45 minutos iniciais.
No regresso para o segundo tempo, Marcello Lippi fez uso de sua arma nada secreta: o artilheiro do Campeonato Italiano, Di Natale. O atacante da Udinese entrou na vaga de um apagado Gilardino, e com apenas cinco minutos em campo fez mais do que o companheiro em toda a etapa inicial ao emendar de primeira para boa defesa de Paston.
Outra alteração na Azzurra foi a entrada de Camoranesi na vaga do corredor Pepe. O jogador do Juventus até melhorou a qualidade do passe no meio, mas a Azzurra encontrava muita dificuldade para superar a defesa adversária. Se os neozelandeses não dançavam o Haka, dança típica ensaiada para afugentar os inimigos, ao menos se portavam como tal, quase sempre com dez jogadores atrás da linha da bola.
Aos 60 minutos, De Rossi em passe longo encontrou espaço para Iaquinta, que fez rematou para fora. Como de costume, ataques da Nova Zelândia eram raros, e a equipa da Oceania praticamente esgotou sua cota de finalizações aos 17, quando Vicelich rematou com perigo da entrada da área.
E a avalanche italiana continuava sem dar resultado. Sem criatividade, a opção era apelar para remates de fora da área. Montolivo e Di Natale arriscaram aos 24 e 34, respectivamente. Não foram felizes. Quem mais se aproximou do sucesso nos arremates, por incrível que pareça, foi a Nova Zelândia. Após lance longo da defesa, aos 82 minutos, Wood ganhou de Cannavaro no alto, invadiu a área e chutou cruzado rente a trave. Foi a terceira e última conclusão dos “All Whites” na partida. O suficiente para garantir um ponto histórico contra uma desorganizada e nada assustadora campeã do mundo.
O Paraguai lidera, com quatro pontos. A Eslováquia ocupa o última lugar, com um. A decisão do apuramento ficou para a última jornada, quando a Azzurra defronta a Eslováquia, quinta-feira em Joanesburgo. Uma vitória garante a classificação italiana. Na mesma situação, a Nova Zelândia encara o Paraguai, em Polokwane.