Projecções a ter em conta indicam que as exportações moçambicanas deverão crescer em cerca de 2%, entre 2010 e 2012, impulsionadas pelo enfraquecimento do Euro face ao Dólar norteamericano. De acordo com o índice World Economic Outlook 2010, do Banco Mundial (BIRD), no seu mais recente relatório de 9 de Junho de 2010, aquela instituição sublinha, contudo, que “o crescimento continuará lento impulsionado pelos preços das mercadorias historicamente elevados e pela maior procura externa das mercadorias”, situação que ocorrerá a nível de toda a África ao Sul do Sahara.
Refira-se, entretanto, que, na segunda quinzena de Maio de 2010, a divisa moçambicana, o Metical, registou uma apreciação de 1,1%, em relação ao Euro, face ao período anterior, e de 8,8%, em termos mensais, cenário que fica a dever-se “à prevalência de nervosismo nos mercados financeiros gerados pela situação económica na Grécia e noutros países da zona Euro que têm contribuído para o enfraquecimento do Euro face ao Dólar dos Estados Unidos da América”, explica, por seu turno, o Banco de Moçambique (BM).
Por outro lado, o World Economic Outlook refere ainda no seu documento que a recuperação económica global continua a avançar, “mas a crise da dívida da Europa criou novos obstáculos no caminho de crescimento sustentável a médio prazo”, cenário que leva o BIRD a projectar a expansão do Produto Inter2,9% e 3,3%, entre 2010 e 2011, passando para 3,2% e 3,5%, em 2012.
Nos chamados países de baixa renda, entre eles Moçambique, o crescimento do PIB será na banda de 2,1% e 2,3%, em 2010, “não suficiente para desfazer a contracção de 3,3%, em 2009, seguida de crescimento entre 1,9% e 2,4%, em 2011”, contra incremento de 5,7% a 6,2%/ ano, entre 2010 e 2012, nos países mais desenvolvidos.
Pobreza em alta
O mesmo documento lançado na passada quinta-feira, em Washington, Estados Unidos da América, realça que muitos países em desenvolvimento continuarão a enfrentar graves lacunas de financiamento, isto porque os fluxos de capital privado para os países em desenvolvimento deverão ser feitos moderadamente a partir de 2,7% do PIB, em 2009, para 3,2% do PIB, em 2012, “ainda muito abaixo dos 8,5% do PIB, em 2007”, realça. Em termos globais, o défice de financiamento dos países em desenvolvimento está projectado para 210 biliões de dólares, em 2010, baixando para 180 biliões de dólares em 2011, abaixo dos cerca de 352 biliões de 2009.
Refere, a terminar, o documento que, nos próximos 20 anos, a luta contra a pobreza poderá ser dificultada se os países forem forçados a cortar os investimentos de capital produtivo e humano, “porque isso poderá afectar as taxas de crescimento, a longo prazo, em países em desenvolvimento, potencialmente aumentando o número de extremamente pobres em 2020, para 26 milhões de pessoas”.