A vitória contra a pobreza passa necessariamente por uma postura caracterizada pela auto-confiança, fé e, sobretudo, compreender a sua natureza e os obstáculos que possam surgir nesse processo. Esta é a mensagem transmitida, domingo, pelo Chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, à população do posto administrativo de Munhamade, distrito de Lugela, na Zambézia, durante o discurso que proferiu naquele local, no âmbito da Presidência Aberta e Inclusiva àquela província do centro de Moçambique, terminada no mesmo dia.
“Tenho a certeza de que todos nós estamos a combater a pobreza. Porém, não basta sentir a pobreza, temos de compreendê-la”, afirmou o Presidente da República, para quem a luta contra a pobreza “ é uma luta muito complicada, precisando de fé, autoconfiança e força para vencer”. Além disso, segundo Guebuza, a auto-estima constitui uma das principais armas no combate a este mal que afecta a maioria dos mais de 20 milhões de moçambicanos. “Quem não se gosta não pode lutar.
Fica sempre conformado com qualquer que seja a situação. Só quem se gosta de si próprio é que vai a luta, uma luta para vencer”, sublinhou Guebuza, apelando a todos e a cada um no seu canto no sentido de se envolverem nesta luta pela melhoria das condições de vida.
Guebuza referiu-se ás várias formas de pobreza, tendo destacado, por exemplo, a falta ou insuficiência de alimentos, agua potável, hospitais, escolas, as más condições de habitação, bem como quando as pessoas não tem acesso a energia eléctrica ou se essa é deficiente, quando não tem acesso ao telefone, ou então quando as pessoas perdem tempo em acções que só provocam problemas, como o alcoolismo, em detrimento do trabalho.
A este respeito, o estadista moçambicano realçou a necessidade de tudo se fazer para ultrapassar este tipo de problemas, pois, “só podemos dizer que a pobreza ficou para a história quando resolvermos estes e muitos outros problemas”. Para o efeito, assegurou, o governo está a procurar resolver esse tipo de problemas e, nesse desafio, precisa do apoio do povo. “Em Munhamade ainda á pobreza, por isso vamos combate-la”, exortou Guebuza, defendendo que para combater a pobreza é preciso muita paciência.
Neste contexto, deu exemplo de um agricultor que para obter bom rendimento precisa de lavrar a terra, por a semente e esperar pela chuva. Depois de germinar também precisa de tratar a planta sachandoa para que esteja livre da erva daninha e vai cuidando ate a colheita final. “Isto não acontece de um dia para outro”, sublinhou. Guebuza usou esse exemplo para também alertar a população de que neste processo de combate a pobreza há muitos obstáculos que devem ser removidos, que podem ser de vária ordem, incluindo de factor humano.
Durante o comício, a população de Munhamade e de Lugela em geral apresentou várias inquietações, de entre as quais a falta de maternidade em algumas localidades, sinal de telefonia móvel, dificuldades de transporte e degradação das vias de acesso. Um cidadão, que disse ser seropositivo, quebrou o silencio identificando-se como portador de HIV e pediu para que fossem criadas algumas condições na unidade sanitária local, onde este e outros que fazem parte de uma associação de portadores da doenca estão tendo a sua assistência, pois isto acontece ao relento.
Outros problemas centraram-se em conflitos laborais, através de não pagamento de salários há vários meses por parte do patronato. Guebuza, que hoje iniciou uma visita de trabalho à província de Manica, ido da Zambézia, orientou um comício popular no posto administrativo de Nyazonia , no distrito de Barué, a norte da província.
Neste comício, o estadista moçambicano insistiu na necessidade de todos se envolverem no trabalho como forma de combater a pobreza que graça milhares, senão mesmo milhões de pessoas em Moçambique. Esta tarde, esta prevista uma sessão extraordinária do governo provincial de Manica, dirigido pelo Chefe do Estado, que também vai se reunir com os militantes do seu partido, a Frelimo.
Nesta visita a Manica, Guebuza fez se acompanhar, para alem de alguns membros do seu governo, dos embaixadores da Itália, país que esteve envolvido no processo de negociações que levaram a assinatura do Acordo Geral de Paz, e da Alemanha, que também tem fortes vínculos com Moçambique, pois aquele pais europeu acolheu milhares de moçambicanos que para lá foram trabalhar ou se formar em diversas áreas. A visita a província de Manica termina Sexta-feira.